“Chocolate”, o filme
espiritualidade, desejo e ética
DOI :
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2023v29p111-130Mots-clés :
Espiritualidade, Desejo, Ética, Filme “Chocolate”Résumé
Neste artigo, refletimos sobre a contribuição do filme “Chocolate” para discussões acerca da ética, enfocando o tema do desejo. Lançado em 2000, foi dirigido por Lasse Hallström, com roteiro adaptado do livro Chocolat, de Joanne Harris. Filme que pode ser compreendido como uma narrativa sobre o desejo, numa dialética entre a tradição que fossiliza o presente e o novo – representado na trama por uma mulher que chega a uma pacata vila, acompanhada só por sua filha, e que, com sua culinária, promove uma revolução no desejo (que transforma o corpo) dos moradores do vilarejo. O filme problematiza uma compreensão antropológica, que implica grandes impasses discutidos pela ética, ainda hoje impactada pelo dualismo cartesiano. O filme “Chocolate ajuda na crítica a essa antropologia dualista, discutindo a dinâmica do desejo e desvelando sua dimensão profunda. Depois de uma problematização sobre a fundamentação antropológica da ética, apresentamos uma reflexão crítica sobre o desejo na tradição espiritual cristã. Finalmente, com base na teopoética de Rubem Alves, apontamos no filme elementos de uma concepção antropológica, que compreende o desejo como elemento central que dinamiza a vida humana, e que não deve ser negado, mas integrado à vivência de uma espiritualidade que inspire uma ética voltada para a defesa da vida. Metodologicamente, este artigo está baseado numa pesquisa bibliográfica e documental, de caráter exploratório, que trabalha com a perspectiva de que o cinema é uma linguagem muito apropriada para a revelação religiosa e para a discussão da religião.
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