Em “queda infinita”
uma aproximação a Exercícios Espirituais, poema de José Tolentino Mendonça
DOI :
https://doi.org/10.23925/2236-9937.2025.73982Mots-clés :
José Tolentino Mendonça, Exercícios Espirituais, Fenomenologia, Crítica literáriaRésumé
O artigo faz parte de um projeto mais amplo de leitura do corpus poético de José Tolentino Mendonça que busca discernir a relação dessa de sua obra com a espiritualidade. A estratégia foi a de afunilar a reflexão em torno ao objeto. No primeiro artigo, publicado em 2022, me concentrei de maneira mais geral sobre a interseção da poesia do autor com a tradição mística e espiritual. No segundo, de 2023, me detive na sua compreensão acerca da literatura como exercício espiritual. Agora, o objetivo é realizar a leitura de um poema específico, coligido em Teoria da fronteira (2017), cujo título é justamente: “Exercícios espirituais”, para verificar como ele reflete e refrata a noção de exercício espiritual. O cerne da inquirição dirigida ao poema pretendida aqui, desse modo, pode ser delimitado por duas questões fundamentais: o texto literário relê/reescreve categorias religiosas ou as confirma? De que modo? Para responder a essas perguntas, a estratégia utilizada foi, inicialmente, o diálogo com algumas teses de Mikel Dufrenne acerca das possíveis contribuições da fenomenologia para a crítica literária. Depois, com o incremento de tais contributos, procurou-se fazer uma leitura do poema com intuito de colher de sua própria imanência o sentido dos “exercícios espirituais” como queda infinita. O poema, portanto, parece desafiar o leitor a sentir a vertigem necessária do esvaziamento para, quem sabe, abrir espaço a uma pequena iluminação.
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