EDUCAÇÃO MAKER: ONDE ESTÁ O CURRÍCULO?
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2020v18i2p523-544Palavras-chave:
Movimento maker, Atividade maker, STEM-ampliado, Educação básica, Tecnologias educacionais.Resumo
O Movimento Maker tem sido observado pelas instituições educacionais, contribuindo para o crescente interesse pela implantação da educação maker tanto no ensino básico quanto no superior. No entanto, os exemplos dessa implantação mostram que as atividades maker não estão ainda integradas com o currículo, especialmente com as disciplinas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática ou artes, história etc., ou seja, o STEM-ampliado. O objetivo desse artigo é entender como a educação maker pode ser integrada ao currículo do ensino básico. Para tanto foi usada a abordagem documental e a visita à instituições que estão implantando a educação maker. Com base nessas experiências foi possível classificar o material coletado em três grupos de atividades: as desenvolvidas nas escola, porém não relacionadas com o currículo; as que estão relacionadas com uma ou duas disciplinas do currículo; e as que integram diferentes disciplinas do STEM-ampliado. Finalmente, com base nos estudos de casos descritos e nas leituras realizadas é retratado como a implantação da educação maker pode ser realizada no ensino básico. O foco dessa educação não deve ser apenas o ensino de conteúdos disciplinares por intermédio do maker, mas ser capaz de criar condições para que o aluno tome consciência e entenda os conceitos curriculares que estão presentes nos produtos que constroem.
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