PEDAGOGIA CRÍTICA, PAULO FREIRE, E A CORAGEM PARA SER POLÍTICO

Resumo

Em um momento em que a memória está sendo apagada e a relevância política da educação é afastada pelo abraço da linguagem da medição e da quantificação, é ainda mais importante lembrar o legado e a obra de Paulo Freire. Desde os anos 1980, tem havido poucos intelectuais, se é que houve algum, na cena norte-americana educacional, que alcançaram o rigor teórico, a coragem cívica e o sentido de responsabilidade moral de Paulo Freire. Seu exemplo é mais importante agora do que nunca: com as instituições públicas de educação básica e superior, cada vez mais, sob o cerco de uma série de forças neoliberais e conservadoras, é imperativo que os educadores se apropriem do entendimento de Freire sobre empoderamento e o potencial democrático da educação. A linguagem da crítica e a educação da esperança são o seu legado, que está cada vez mais ausente de muitos discursos liberais e conservadores sobre os problemas educacionais atuais e vias adequadas de reforma. Paulo passou a vida guiado pelas crenças de que valia a pena lutar pelos os elementos radicais da democracia, de que a educação crítica é um elemento fundamental para a mudança social progressiva, e de que a forma como pensamos sobre política é inseparável daquela como compreendemos o mundo, o poder e a vida moral a que aspiramos. Paulo acreditava firmemente que a democracia não pode durar sem a cultura formativa que a torna possível. Numa altura em que as instituições públicas de educação básica e superior estão sendo associadas à lógica do mercado, à conformidade, à perda de poder e a modos inflexíveis de punição, conhecer as contribuições significativas da obra e o legado de Paulo Freire é mais importante do que nunca.