PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO NA PESQUISA NOS/DOS/COM OS COTIDIANOS: NARRATIVAS DOCENTES E DIALOGIA NA IDENTIFICAÇÃO E PROMOÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EMANCIPATÓRIAS
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2018v16i4p1268-1287Palavras-chave:
Pedagogia do Oprimido, pesquisa com os cotidianos, dialogia, emancipação socialResumo
O objetivo deste artigo é o de estabelecer um diálogo entre o livro Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, que este ano (2018) completa 50 anos de sua primeira publicação, e o trabalho com narrativas docentes em pesquisas nosdoscom os cotidianos, entendendo que ambas são capazes de contribuir para mostrar as múltiplas facetas da vida e de uso da palavra, nos permitindo fazer uma leitura ampla e atual do livro de Freire e de seu potencial emancipatório. Identificamos nos dois casos, e por isso usamos essa noção como fundamento nuclear deste artigo, a defesa de que, contrariamente ao enunciado pela modernidade, o senso comum não é a única forma de conhecimento das populações vivendo em situação de opressão e tampouco a vida cotidiana é espaçotempo de mera repetição e inconsciência sendo, portanto, incapaz de cunhar conhecimento. Por isso entendemos que as pesquisas que fazemos nos/dos/com os cotidianos dialogam vivamente com o que Freire aponta. Trabalhando com e a partir de narrativas docentes, investimos no reconhecimento dos conhecimentos produzidos nos cotidianos das escolas, problematizados no contexto das reflexões que fazemos, coletivamente, nós e os professores que nos confiam suas histórias, trajetórias e questões. É assim que pudemos perceber essa circulação dialógica de saberes em ações de formação continuada. Narrativas docentes tratadas e entendidas como palavra autônoma permitem perceber a potência da dialogia como possibilidade emancipatória, tanto pelo que contribuem para o “Ser Mais” desses professores que conosco dialogaram quanto pelo que permitem entrever sobre o potencial emancipatório da educação dialógica.
Referências
ALMEIDA, Fernando José de. Folha Explica Paulo Freire. São Paulo: Editora Publifolha, 2009.
ALVES, Nilda. Formação de docentes e currículos para além da resistência. ANPEd: Revista Brasileira de Educação. v. 22, n. 71, 2017.
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano 1: as artes de fazer. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
CORTELLA, Mário Sérgio. A resignação como cumplicidade. Folha de São Paulo, São Paulo. 08 nov. 2001. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0811200123.htm. Acesso em: 20 nov. 2018.
FREIRE. Ana Maria Araújo. A Leitura do mundo e a leitura da palavra em Paulo Freire. Cadernos Cedes, Campinas, v. 35, n. 96, p. 291-298, maio-ago., 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v35n96/1678-7110-ccedes-35-96-00291.pdf. Acesso em: 21 ago. 2018.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2017.
_____. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2017a.
_____. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensina. Editora Olho d´Água. São Paulo, 1997.
_____. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
HABERMAS, Jürgen. Éthique de la discussion. Paris: Cerf, 1992.
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Currículos praticados: entre a regulação e a emancipação, Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
_____. 2003a. Currículos praticados: regulação e emancipação no cotidiano escolar. Anais da 26ª Reunião Anual da ANPED. Poços de Caldas/MG: ANPED, 2003, p. 1 - 15.
_____. Cenas do cotidiano escolar: descobertas e invenções de pesquisas com narrativas imagéticas. Revista Teias (UERJ. Online), v.11, jan-abr, 2010, p. 1 - 13, 2010.
_____. Currículo como criação cotidiana. Petrópolis/RJ: DP et Alii, 2012.
OLIVEIRA, Inês Barbosa de; ALVES, Nilda. (Org.). Pesquisa nos/dos/com os cotidianos das escolas. Petrópolis: DP et Alii, 2008.
REIS, Graça Regina Franco da Silva. A narrativização das práticas como prática de liberdade - Instrumento: Revista de Estudos e Pesquisas em Educação. Juiz de Fora, v. 15, n. 2, jul./dez. 2013. Disponível em: https://instrumento.ufjf.emnuvens.com.br/revistainstrumento/article/view/2652
TORRES, Carlos Alberto Torres (org.) Entrevista com Paulo Freire. In. Diálogo com Paulo Freire. São Paulo: Loyola, 1979.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
_____. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.
_____. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1995.
SOUZA, E.C. (org.) Autobiografias, histórias de vida e formação: pesquisa e ensino. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.Todo o conteúdo da Revista e-Curriculum é aberto para acesso público, propiciando maior visibilidade, alcance e disseminação dos trabalhos publicados.