Educação decolonial e antirracista na BNCC do Ensino Médio da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

Autores

  • Margarida de Cássia Campos Universidade Estadual de Londrina (UEL)
  • Marleide Rodrigues da Silva Perrude Universidade Estadual de Londrina (UEL)

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2025v23e64644

Palavras-chave:

políticas públicas, educação básica, currículo prescrito

Resumo

O presente texto discute os desafios da educação decolonial e antirracista no contexto das políticas públicas pós-meados de 2016, a partir da seguinte indagação: Quais as perspectivas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio, na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (CHSA), para uma educação decolonial e antirracista? Para tanto, foi realizado um estudo teórico-bibliográfico, seguido de uma análise qualitativa do texto introdutório e das habilidades prescritas na BNCC-CHSA (Ensino Médio). O referencial bibliográfico contextualiza, inicialmente, os avanços nas legislações de igualdade racial nas últimas duas décadas, as formulações de políticas públicas educacionais pós-meados de 2016 e uma análise do currículo prescrito em questão. Conclui-se que o documento pouco avança na proposição de uma educação decolonial e antirracista. Portanto, para promovê-la, é necessária uma desobediência epistêmica e política.

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Biografia do Autor

Margarida de Cássia Campos, Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Trabalhadora da Educação. Cursou estágio pós-doutoral no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (março de 2019 a fevereiro de 2020) tendo como tema de pesquisa "Políticas de ação afirmativa para ingresso no ensino superior: análise comparativa entre Brasil, França e Portugal". Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010). Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Estadual de Londrina (2003), graduada em licenciatura em Geografia (2000) e Bacharelado (2002). Atualmente é professora Associada B do curso de Licenciatura em Geografia e do curso de Especialização em Ensino de Geografia na Universidade Estadual de Londrina, professora do Programa do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede e professora colaboradora do Programa de Pós Graduação em Serviço Social da Universidade Federal da Bahia. Desenvolve pesquisas sobre os seguintes temas: educação geográfica, políticas de ações afirmativas para o ensino superior e educação decolonial e antirracista. Coordenadora do PROPE (Programa de Apoio à Permanência) da Universidade Estadual de Londrina e do PIBID-Geografia-UEL.

Marleide Rodrigues da Silva Perrude , Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina (1997), mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2004) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2013). Atualmente é pesquisadora de Pós-doutorado na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita. Coordenadora do Núcleo de estudos Afro-Brasileiro NEAB/UEL, docente do Departamento de Educação. Compõe a comissão de homologação das cotas raciais na UEL . Membro do curso especialização em políticas e gestão e educação de Jovens e Adultos. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Política Educacional, avaliação de políticas públicas , atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, política educacional, orientação educacional, educação de jovens e adultos, diversidade e relações raciais.

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Publicado

2025-05-30

Edição

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Artigos