A luta por outras bases formativas
como avançar andando para trás?
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2025v23e64969Palavras-chave:
Base Nacional Comum - Formação, Base Nacional Comum - Formação Continuada, competências, semiformação, teoria crítica da sociedadeResumo
Este trabalho objetiva tensionar a racionalidade que subjaz à concepção de formação das Bases Nacionais Comuns para a Formação de Professores da Educação Básica, à luz do referencial teórico-metodológico da Teoria Crítica da Sociedade. A (semi)formação por competências é abordada como um discurso empoeirado, porém revitalizado, que entoa os interesses neoliberais para a educação e promove o encantamento (doce)nte. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, documental e bibliográfica. O estudo revela que as Bases (supra)nacionais se constituem como instrumentos autoritários e prescritivos, integrantes de um movimento de reformas educacionais globais, alinhadas à centralidade do capital financeiro neoliberal. Elas estão a serviço de uma formação precarizada, amalgamada a uma racionalidade pragmática, instrumental e unidimensional, comprometida com a padronização do pensamento e a (con)formação social.
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