Concepção de não neutralidade dos modelos matemáticos: uma experiência no ensino médio<br>Conception of non-neutrality of the mathematical models: an experience in high school

Autores

  • Thiago Brañas de Melo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, campus São Gonçalo
  • Alvaro Chrispino CEFET/RJ

Palavras-chave:

Educação Matemática Crítica, Enfoque CTS, Modelagem Matemática no Ensino Médio.

Resumo

Este artigo é fruto de uma pesquisa de mestrado defendida no PPCTE do CEFET/RJ. O objetivo desta pesquisa foi identificar possibilidades de atividades no Ensino Médio a fim de contribuir para a concepção de não neutralidade dos modelos matemáticos. Fez-se uma revisão teórica a respeito desta concepção, em especial, seguindo as reflexões da Educação Matemática Crítica e do enfoque CTS. A pesquisa se caracterizou por ser qualitativa e um estudo de caso baseado nos materiais desenvolvidos por alunos de um Instituto Federal localizado no Rio de Janeiro. Descreve-se a pesquisa em dois momentos – o processo de modelagem matemática e as questões sociopolíticas. Conclui-se a possibilidade de mudança de concepção dos alunos para a de não neutralidade dos modelos matemáticos, apesar de paulatina.

Abstract.

This article is the result of Master’s Course research proposed at the PPCTE at CEFET/RJ. The aim of this research was to identify possibilities for high school activities in order to contribute to the design of non-neutrality of mathematical models. We have done a theoretical review concerning this design, especially according to the considerations of the Critical Mathematical Education and the CTS view. The research was characterized as a qualitative case study based on materials devised by students at a Federal Institution located in Rio de Janeiro. The research is described in two different sections: the process of mathematical modeling and sociopolitical issues. We have come to the conclusion that the possibility of changing the design suggested by the students to the non-neutrality of the mathematical models, although gradual.

 

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Thiago Brañas de Melo, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, campus São Gonçalo

Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal de Viçosa (2007) e mestrado em Ciência, Tecnologia e Educação pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (2012). Atualmente é professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, campus São Gonçalo. Tem experiência na área de Educação Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Matemática Crítica, Prática docente e Saberes discentes, Modelagem Matemática no Ensino e Enfoque Ciência-Tecnologia-Sociedade.

Alvaro Chrispino, CEFET/RJ

Alvaro Chrispino é Doutor (2001) e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui Pós-doutorado em Administração Pública pela FGV/EBAPE. É Diretor de Gestão Estratégica do CEFET/RJ-Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca e Professor dos Programas de Mestrado e de Química no Ensino Médio. Possui livros e artigos em periódicos especializados na área de Educação, com ênfase em Políticas Públicas e Ensino de Química/Ciências. Atualmente participa de 2 projetos de pesquisa internacionais e é lider de grupo de pesquisa/CNPq CTS e Educação. As áreas de sua produção: políticas públicas e gestão de sistemas educacionais, ensino de química/ciências, CTS-ciência-tecnologia-sociedade e mediação de conflitos. É Fellow da IUPAC - International Union Pure and Apllied Chemistry e Vice-Presidente e Diretor de Educação da ABQ Nacional. Ocupou diversas funções públicas, entre elas a de Subsecretário Municipal de Educação do Rio de Janeiro (2009), Subsecretário de Estado de Educação do Distrito Federal (2007) e do Estado do Rio de Janeiro (1997/98) e Diretor Científico do CECIERJ (1995/1996). É Editor Associado da revista ENSAIO: Avaliação e Políticas Públicas em Educação (QUALIS A), membro de conselhos consultivos/editoriais e consultor ad hoc de diversos periódicos na área da Educação e do Ensino de Química/Ciências.

Referências

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

ACEVEDO, J. A. ¿Qué puede aportar la Historia de la Tecnología a la Educación CTS? Sala de Lecturas CTS+I de la OEI, 2002. Disponivel em: <http://www.oei.es/salactsi/acevedo3.htm>. Acesso em: 18 out. 2011.

ALMEIDA, L. M. W.; SILVA, A. Por uma Educação Matemática Crítica: a Modelagem Matemática como alternativa. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 221-241, 2010.

ALRØ, H.; SKOVSMOSE, O. Diálogo e aprendizagem em educação matemática. Tradução de Orlando Figueiredo. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

ARAÚJO, J. D. L. Relação entre Matemática e Realidade em Algumas Perspectivas de Modelagem Matemática na Educação Matemática. In: BARBOSA, J. C.; CALDEIRA, A. D.; ARAÚJO, J. L. Modelagem Matemática na Educação Matemática Brasileira: pesquisas e práticas educacionais. Recife: SBEM, 2007. Cap. 1, p. 17-32.

BARALDI, I. M. Refletindo sobre as concepções matemáticas e suas implicações para o ensino diante do ponto de vista dos alunos. Mimesis, Bauru, v. 20, n. 1, p. 07-18, 1999.

BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. 3ª. ed. São Paulo: Contexto, 2011.

BAZZO, W. A.; VON LISINGEN, I.; PEREIRA, L. T. D. V. Introdução aos Estudos CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade). Madrid: OEI, 2003. 172 p.

BIEMBENGUT, M. S.; HEIN, N. Modelagem matemática no ensino. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: SEMT, 1999. 114 p.

BURAK, D. Modelagem Matemática e a Sala de Aula. In: I Encontro Paranaense da Modelagem Na Educação Matemática, 2004, Londrina. Anais. Londrina: 2004. 1 CD-ROM.

CACHAPUZ, A.; GIL-PEREZ, D.; CARVALHO, A. M. P. D.; PRAIA, J.; VILCHES, A. A necessária renovação do ensino das ciências. São Paulo: Cortez, 2005. 263 p.

CHRISPINO, A.; SILVA, M. A. F. B. D.; ANTONIOLI, P.; NIGRO, F. As crenças de professores e alunos sobre a tecnologia. In: ROIG, A. B.; ALONSO, Á. V.; MAS, M. A. M.; GARCÍA-CARMONA, A. Ciencia, Tecnología y Sociedad en Iberoamérica: Una evaluación de la Comprensión de la Natureza de Ciencia y Tecnología. Madrid: Centro de Altos Estudios Universitarios de la OEI, 2010. p. 165-178.

CURY, H. N.; BAZZO, W. A. Formação Crítica em Matemática:Uma Questão Curricular? BOLEMA : Boletim de Educação Matemática, Rio Claro, n. 14, p. 29-47, 2001.

CUTCLIFFE, S. H. Ideas, Máquinas y valores: Los Estudios de Ciencia, Tecnología y Sociedad. Barcelona: Anthropos, 2003. 228 p.

DAGNINO, R. P. Neutralidade da ciência e determinismo tecnológico: um debate sobre a tecnociência. Campinas: Unicamp, 2008.

D'AMBROSIO, U. Da realidade à ação: reflexões sobre a educação matemática. São Paulo: Summus, 1986.

DEMO, P. Educação e alfabetização científica. Campinas: Papirus, 2010.

FOUREZ, G. A construção das ciências: introdução à filosofia e à ética das ciências. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: UNESP, 1995. 319 p.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. 213 p.

GIARDINETTO, J. R. B. Matemática Escolar e Matemática da Vida Cotidiana. Campinas: Autores Associados, 1999.

GONZÁLEZ GARCÍA, M. I.; LÓPEZ CEREZO, J. A.; LUJÁN, J. L. Ciencia, Tecnología y Sociedad: una introducción al estudio social de la ciencia y la tecnología. Madrid: Tecnos, 1996.

GUZMÁN, M. D. Enseñanza de las ciências y la matemática. Revista Iberoamericana de Educación, n. 43, p. 19-58, 2007.

HALMENSCHLAGER, K. R. Abordagem Temática no Ensino de Ciências: Algumas Possibilidades. Vivência, v. 7, n. 13, p. 10-21, out. 2011.

HEIN, N.; BIEMBENGUT, M. S. Sobre a Modelagem Matemática do Saber e seus Limites. In: BARBOSA, J. C.; CALDEIRA, A. D.; ARAÚJO, J. L. Modelagem Matemática na Educação Matemática Brasileira: pesquisas e práticas educacionais. Recife: SBEM, 2007. Cap. 2, p. 33-47.

KAISER, G.; SRIRAMAN, B. A global survey of international perspectives on modelling in mathematics education. Zentralblatt für Didaktik der Mathematik, v. 38, n. 3, p. 302-310, jun. 2006.

KNIJNIK, G. Itinerários da etnomatemática: questões e desafios sobre o cultural, o social e o político na educação matemática. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 36, p. 161-176, dez 2002.

LEXICON. Vocabulário de Filosofia Lexicon, 2002. Disponivel em: <http://ocanto.esenviseu.net/lexicon/politica.htm>. Acesso em: 21 mar. 2012.

LOPES, A. C. Os parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio e a submissão ao mundo produtivo: o caso do conceito de contextualização. Educação e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 80, p. 386-400, set. 2002.

LÜDKE, M.; PUGGIAN, C.; CEPPAS, F.; CAVALCANTE, R. L. A.; COELHO, S. L. B. O professor e a pesquisa. 6. ed. Campinas: Papirus, 2001.

MACHADO, N. J. Matemática e língua materna: análise de uma impregnação mútua. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

MELO, T. B. D. As contribuições do enfoque CTS e da Educação Matemática Crítica para a concepção de não-neutralidade dos modelos matemáticos no Ensino Médio. 2012. 131p. Dissertação de Mestrado. PPCTE, CEFET/RJ, Rio de Janeiro, 2012.

MENEGHETTI, R. C. G. O intuitivo e o lógico no conhecimento matemático: análise de uma proposta pedagógica em relação a abordagens filosóficas atuais e ao contexto educacional da matemática. BOLEMA, Rio Claro, n. 32, p. 161-188, 2009.

MENEGHETTI, R. C. G.; BICUDO, I. Uma discussão sobre a constituição do saber matemático e seus reflexos na educação matemática. BOLEMA, Rio Claro, n. 19, p. 58-72, 2003.

MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

NOBRE, M. S. A Teoria Crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. 71 p.

PINCH, T. J.; BIJKER, W. E. La construcción social de hechos y artefactos. In: THOMAS, H.; BUCH, A. Actos, actores y artefactos: Sociología de la tecnología. Quilmes (AR): Universidad Nacional de Quilmes, 2008. p. 19-62.

PINHEIRO, N. A. M. Educação Crítico-Reflexiva para um Ensino Médio Científico-Tecnológico: A Contribuição do Enfoque CTS para o Ensino-Aprendizagem do Conhecimento Matemático. 2005. 305p. Tese de Doutorado. PPGECT, UFSC, Santa Catarina, 2005.

PINHEIRO, N. A. M.; SILVEIRA, R. M. C. F.; BAZZO , W. A. O contexto científico-tecnológico e social acerca de uma abordagem crítico-reflexiva: perspectiva e enfoque. Revista Iberoamericana de Educação, Madrid, n. 49-1, Março 2009.

PONTE, J. P. Estudos de caso em educação matemática. Bolema, Rio Claro, v. 19, n. 25, p. 105-132, 2006.

PONTE, J. P. Investigar a nossa própria prática: Uma estratégia de formação e de construção do conhecimento profissional. PNA - Revista de Investigación en Didáctica de la Matemática, v. 2, n. 4, p. 153-180, 2008.

ROSEIRA, N. A. F. Educação Matemática e valores: das concepções dos professores à construção da autonomia. 2004. 172p. Dissertação de mestrado. PPGEduC, UNEB, Salvador, 2004.

SANMARTÍN, J.; LUJÁN, J. L. Educación en ciencia, tecnología y sociedad: estudios sobre sociedad y tecnología. Barcelona: Anthropos, 1992.

SANTOS, M. A. D. Modelagem matemática em uma perspectiva sociocrítica. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 347-365, 2008.

SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência-Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio - pesquisa em educação em ciências, v. 2, n. 2, p. 133-162, 2002.

SKOVSMOSE, O. Toward a philosophy as critical mathematics education. Dordrecht/Boston/London: Kluwer Academic Publisher, 1994.

SKOVSMOSE, O. Educação Matemática Crítica: a questão de democracia. Campinas: Papirus, 2001.

SKOVSMOSE, O. Foreground dos educandos e a política de obstáculos para aprendizagem. In: RIBEIRO, J. P. M.; DOMITE, M. C. S.; FERREIRA, R. Etnomatemática: papel, valor e significado. Tradução de R. S. ALAMINOS e S. ANDRADE. São Paulo: Zouk, 2004.

SKOVSMOSE, O. Educação crítica: incerteza, matemática, responsabilidade. Tradução de Maria Aparecida V. Bicudo. São Paulo: Cortez, 2007. 304 p.

SKOVSMOSE, O. Desafios da reflexão em educação matemática crítica. Campinas: Papirus, 2008.

VERASZTO, E. V.; SILVA, D. D.; MIRANDA, N. A. D.; SIMON, F. O. Tecnologia: Buscando uma definição para o conceito. PRISMA.COM, Porto, n. 8, p. 60-85, 2008.

WAKS, L. Educación en ciencia, tecnología y sociedad: orígenes, desarrollos internacionales y desafíos intelectuales. In: MEDINA, M.; SANMARTIN, J. Ciencia, tecnología y sociedad, estudios interdisciplinares en la universidad, en la educación y en la gestión pública. Barcelona: Anthropos, 1990. p. 42-75.

Downloads

Publicado

2013-05-02

Edição

Seção

Artigos