Quando a escola expulsa, o trabalho na rua é uma oportunidade de sonhar
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-3156.2023v25i4p191-217Palavras-chave:
Licenciatura em matemática, Análise de discurso, Trabalhadores de ruaResumo
O presente artigo surge a partir de um projeto proposto junto aos/às discentes do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que à época cursavam, no período noturno, uma disciplina sobre Matemática no Ensino Fundamental. O projeto tinha como motivação um vendedor de rua e seu objetivo era perceber a matemática, mais especificamente a álgebra escolar, onde outras pessoas não percebiam. Embasado nas produções e reflexões deste projeto, o presente artigo tem como objetivo identificar sentidos que são produzidos sobre trabalhar na rua. Para tanto, o corpus de análise serão as entrevistas realizadas com dois homens negros que trabalham na rua e a entrevista com uma das alunas da disciplina. Teoricamente, nos vinculamos aos estudos críticos, com inspiração decolonial. Para a análise dos discursos oriundos das entrevistas, nos filiamos à Análise de Discurso sob a perspectiva de Eni Orlandi, a fim de responder a questão-problema: que sentidos são produzidos sobre trabalhar na rua? A análise resultou em três sentidos sobre trabalhar na rua a partir das entrevistas realizadas com os trabalhadores e um sentido sobre a matemática a partir da entrevista realizada com a estudante do curso de Matemática. Os sentidos observados apontam para o trabalho na rua como uma oportunidade de sonhar frente à expulsão escolar, como um risco a ser corrido devido à desvalorização do mercado de trabalho formal e ainda como um estigma; já o sentido atribuído à matemática refere-se ao seu distanciamento da vivência social.
Metrics
Referências
Apple, M. W. (2017). A luta pela democracia na educação crítica. Revista e-Curriculum, 15(4), p. 894-926. http://revistaspucspr/index.php/curriculum.
Apple, M. W. (2006). Ideologia e Currículo. Trad. Vinicius Figueira. 3. ed. Porto Alegre: Artmed.
Belchior (1976). Sujeito de sorte. Rio de Janeiro: PolyGram. https://www.youtube.com/watch?v=oy5w9mWrzBg&ab_channel=AlbertoNogueira.
Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm.
Criolo. (2014). Fermento pra massa. São Paulo: Oloko Records. https://www.youtube.com/watch?v=yD631f4zh9g&ab_channel=Criolo.
Criolo. (2016). Tô pra ver. São Paulo: Oloko Records. https://www.youtube.com/watch?v=iBybEwzEfmI&ab_channel=Criolo.
Dardot, P. & Laval, C. (2016). A fábrica do sujeito neoliberal. In P. Dardot, & C. Laval. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. (pp. 321-376). Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo.
Demétrio, F. & Bensusan, H. N. (2019). O conhecimento dos outros: a defesa dos direitos humanos epistêmicos. Revista do CEAM, 5(1), 110-124.
Fasheh, M. (2004). Como erradicar o analfabetismo sem erradicar os analfabetos? Revista Brasileira de Educação, (26), 157-169.
Fernandes, F. S. (2018). Pelas bruxas de Agnesi no currículo: educabilidades de uma matemática no feminino. In M. A. Paraíso & M. C. da S. Caldeira (org.). Pesquisas sobre currículos, gêneros e sexualidades. (pp. 139-152). Belo Horizonte: Mazza Edições.
Francisco, El Hombre. (2019). Chama Adrenalina::gasolina. Gravadora independente.
https://www.youtube.com/watch?v=FIH7_pTd9f4&ab_channel=Francisco%2CelHombre.
Giroux, H. A. (1997). Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas.
Godoy, E. V. (2015). Currículo, cultura e educação matemática: uma aproximação possível? Campinas, SP: Papirus.
Gonzaguinha. (1983). Um homem também chora (guerreiro menino). Rio de Janeiro: EMI Records Brasil.
https://www.youtube.com/watch?v=keiHSKWi8HU&ab_channel=Composi%C3%A7%C3%B5es%26Hist%C3%B3rias.
Jesus, M. C. de. (2020). Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática.
Krenak, A. (202). A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras.
Moreira, A. F. (1997). Currículo, utopia e pós-modernidade. In A. F. Moreira (org.). Currículo: Questões Atuais. (pp. 9-28). Campinas, SP: Papirus. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
Moreira, A. F. (1995). O currículo como política cultural e a formação docente. In: T. T. da Silva & A. F. Moreira (org.). Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. (pp. 7-20). Petrópolis, RJ: Vozes.
Orlandi, E. P. (2020). Análise de discurso: princípios & procedimentos. Campinas: Pontes.
Orlandi, E. P. (2017). Discurso em análise: sujeito, sentido, ideologia. 3. ed. Campinas: Pontes.
Orlandi, E. P. (2012). Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez.
Orlandi, E. P. (2007). As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas: UNICAMP.
Perifericu. (2019). Direção: Mendl, N., Caldeira, R., Pereira, V. & Fernanda, S. Produção: Ferreira, N. & Amorim, W. Brasil.
Prado, C. (2014). Não recomendado. Gravadora independente. https://www.youtube.com/watch?v=Rl1soyz0DAY&ab_channel=CaioPrado.
Racionais MC’s. (1990). Beco sem saída. São Paulo: Zimbabwe Records. https://www.youtube.com/watch?v=1soperbP0Og&ab_channel=RacionaisMC%27s-Topic.
Racionais MC’s. (2002). A vida é desafio. São Paulo: Cosa Nostra. https://www.youtube.com/watch?v=Wb3rvC6z5ao&ab_channel=RacionaisTV.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).