A Afetividade na atividade docente

reflexões a partir da Clínica da Atividade no contexto de uma sala inclusiva

Autores

  • Marina Clemente Instituto Federal do Céara – Campus Tianguá, CE, Brasil.
  • Rozania Maria Alves de Moraes Universidade Estadual do Ceará, CE, Brasil.
  • Glenda Demes da Cruz Universidade Estadual do Ceará, CE, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e68097

Palavras-chave:

Afetividade, Clínica da Atividade, Educação Inclusiva, Poder de Agir, Prática Docente

Resumo

Este artigo analisa como os afetos mobilizam a atividade docente em um contexto de sala de aula inclusiva, com foco em uma professora de língua espanhola que leciona em uma turma que tem um aluno com transtorno do espectro autista (TEA). Inserido na perspectiva de uma Linguística Aplicada (LA) indisciplinar, este estudo é fundamentado na Clínica da Atividade (Clot, 2006; 2010; 2016); na teoria dos afetos de Spinoza (2019) e em teorias que discutem o papel dos afetos na atividade profissional (Clot, 2017). O trabalho investiga o discurso da professora sobre sua atividade em uma autoconfrontação simples, com o objetivo de compreender como os afetos influenciam suas ações pedagógicas. A metodologia utilizada inclui a autoconfrontação, que permite ao docente refletir sobre sua prática e identificar elementos afetivos que impactam seu poder de agir. Os resultados apontam para a complexidade da gestão de uma sala de aula inclusiva e sugerem que os afetos desempenham um papel importante na mobilização da atividade docente, influenciando suas decisões. Por meio da análise do discurso da profissional, o estudo contribui para a compreensão do papel da afetividade na prática pedagógica e sugere caminhos para fortalecer o poder de agir dos professores em contextos educacionais desafiadores.

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Publicado

2025-06-11

Como Citar

Clemente, M., Moraes , R. M. A. de ., & Cruz , G. D. da . (2025). A Afetividade na atividade docente: reflexões a partir da Clínica da Atividade no contexto de uma sala inclusiva. The Especialist, 46(1), 498–515. https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e68097

Edição

Seção

Dossiê A virada afetiva na Linguística Aplicada