Morfologia do bolsonarismo

afeto e identidade na constituição de uma comunidade imaginada de ultradireita

Autores

  • Artur Roberto Roman Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e67026

Palavras-chave:

bolsonarismo, ultradireita, comunidades imaginadas, afeto, agonismo

Resumo

O objetivo geral deste artigo é trazer reflexões que contribuam para compreender o fenômeno político e social denominado de “bolsonarismo”, como expressão da ultradireita no Brasil (Mudde, 2021). O objetivo específico é discutir a dinâmica de constituição social do bolsonarismo, sua configuração ideológica e estrutura conceitual, processo modelado e manipulado para atender os interesses da oligarquia econômica do Brasil. A hipótese deste artigo é a de que a constituição do bolsonarismo foi promovida e facilitada pela capacidade do Bolsonaro de produzir discursos mobilizadores de afetos desencadeadores de identificação entre seus seguidores (Mouffe, 2007) e estimuladores do antagonismo entre militantes e simpatizantes de campos políticos opostos (Mouffe, 2018), integrando seus seguidores em uma comunidade imaginada (Anderson, 2008). O artigo conclui destacando o papel da universidade na tarefa de assegurar as conquistas do Estado Democrático de Direito, mantendo o bolsonarismo dentro dos limites civilizatórios, com a utilização de mecanismos republicanos e salvaguardas legais.

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Publicado

2025-06-11

Como Citar

Roman, A. R. (2025). Morfologia do bolsonarismo: afeto e identidade na constituição de uma comunidade imaginada de ultradireita. The Especialist, 46(1), 537–565. https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e67026

Edição

Seção

Dossiê A virada afetiva na Linguística Aplicada