Afetos e emoções em ações formativas com estudantes de Letras

um diálogo com o ensino remoto

Resumo

A pandemia do Covid-19 em 2020 trouxe várias mudanças para a formação de professores de línguas, seja esse espaço virtual ou presencial. Dentre as principais mudanças, observamos um maior reconhecimento das emoções como elementos relevantes dos processos de ensino-aprendizagem para a docência. A partir desse contexto e situadas no campo da Linguística Aplicada - LA - que afirma a necessidade de realizarmos pesquisas responsivas aos problemas sociais (Moita Lopes, 2015), uma LA que se apresenta como campo fértil para os estudos sobre afetividade (Aragão, 2023; Barcelos, 2015; 2022; Maia, Dantas, 2023), objetivamos investigar como graduandos de Letras compreendem os afetos e emoções que orientaram suas ações durante o ensino remoto pandêmico, a partir da implementação de atividades socioemocionais por parte das professoras formadoras. Para tanto, procuramos suporte teórico nos estudos sobre afetos e emoções na perspectiva spinozana e vygotskiana (Spinoza, 2014 [1677]; Vygotsky, 2004 [1934]) em diálogo com pesquisas sobre emoções no campo da biologia do conhecer (Maturana, 2002), da educação emocional (Casassus, 2009) e do letramento emocional (Barcelos, 2015). Os dados foram gerados por meio de um formulário de feedback das disciplinas cursadas pelos graduandos. A análise dos dados demonstrou que os colaboradores vivenciaram afetos/emoções que aumentaram sua potência de agir, tais como: esperança, relaxamento, tranquilidade, redução da ansiedade, alívio e gratidão. Esses afetos/emoções guiaram ações como maior frequência, participação e engajamento nas aulas, mais concentração na explicação dos conteúdos e reconexão com colegas e professores.