As Quizumbeiras
a raiva como afeto disruptivo e mobilizador e o mito da mulher negra raivosa em leitura comparada.
DOI:
https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e68053Palavras-chave:
Agência, Afeto, Mulheres Negras Alemãs, Feminismos AfrodiaspóricosResumo
Este artigo tem como objetivo abordar comparativamente, o mito da mulher negra raivosa, nas culturas alemã, norte-americana e brasileira, por meio do pensamento feminista afrodiaspórico presente nas obras de Audre Lorde (2019), Raquel A. Griffin (2022), Lélia Gonzalez (2018), Ciani-Sophia Hoeder (2021) em diálogo com as teorias raciais críticas analisadas em Aparecida J. Ferreira (2015) e o campo das teorias de L. Vygotsky com Anna Stesenko e seu conceito de agência radical transformadora. Para tanto vamos analisar o livro Wut und Böse, de Ciani-Sophia Hoeder, jornalista afro-alemã. Esse estigma, da mulher negra raivosa, é um nomos transversal que perpassa a trajetória de mulheres negras nas sociedades ocidentais. Ele é a expressão do racismo, fruto dos processos de colonização e colonialidade que definem a Modernidade segundo as teorias decoloniais. Nosso objetivo é demonstrar como essas mulheres agenciam este afeto, a raiva, para substantivar sua ação no mundo, por meio da crítica àquele dispositivo discursivo de controle de suas narrativas e de seus corpos.
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