Linguagem e emoção

o sofrimento ético-político de professores sobre a abordagem de “linguagem neutra” na escola

Auteurs

  • Dianna de Oliveira Ribas Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

DOI :

https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e68104

Mots-clés :

Emoção, Afetividade, Linguagem Neutra, Narrativas

Résumé

As iniciativas frequentes de limitar a autonomia de professores, assim como de monitorar sua prática pedagógica produzem situações específicas de sofrimento social pouco exploradas nos círculos acadêmicos. Influenciado pela teoria sócio-histórica-cultural e pela abordagem sócio-histórica da psicologia, este artigo tem como objetivo conhecer a dimensão ético-política do sofrimento de professores em relação à abordagem de questões relacionadas a gênero na escola, especialmente no que concerne à abordagem de “linguagem neutra” nas instituições de ensino e no acolhimento de alunos LGBTQIA+. A coleta de dados foi realizada em uma instituição pública municipal de ensino da baixada litorânea do Rio de Janeiro, através de entrevistas com 8 professores de Linguagens que atuam no Ensino Fundamental II. A fundamentação teórica que orienta esta pesquisa é constituída pelos referenciais teóricos de Spinoza (2007), Vygotsky (2009) e Sawaia (1999), com base no reconhecimento da afetividade como constitutiva do sujeito, na influência da filosofia dos afetos e na dialética exclusão/inclusão. Já a metodologia adotada é de cunho qualitativo, com foco na escolha do sofrimento ético-político como ferramenta de análise, em consonância com a sugestão de Souza Santos (1997) para que as ciências humanas incluam categorias desestabilizadoras na análise de questões sociais.

Références

BAGNO, Marcos. O que é uma língua? Imaginário, ciência & hipóstase. Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, v. 391, p. 355-387, 2011.

BARBOSA FILHO, Fábio Ramos; DE ÁVILA OTHERO, Gabriel. Linguagem “neutra”. língua e gênero em debate. Parábola Editorial, 2022.

BONASSI, Brune Camilo et al. Cisnorma: acordos societários sobre o sexo binário e cisgênero. 2017.

Borba, R. (2019). Gendered politics of enmity: gender ideologies and social polarization in BORBA, Rodrigo. A linguagem importa? Sobre performance, performatividade e peregrinações conceituais. Cadernos pagu, p. 441-474, 2014. Brazil. Gender and Language, vol. 13, n. 4, p. 423 – 448.

BORBA, Rodrigo. A linguagem importa? Sobre performance, performatividade e peregrinações conceituais. Cadernos pagu, p. 441-474, 2014.

BORBA, Rodrigo. Receita para se tornar um" transexual verdadeiro": discurso, interação e (des) identificação no processo transexualizador. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 55, n. 1, p. 33-75, 2016.

BORBA, Rodrigo; LOPES, Adriana Carvalho. Archi-écritures de genre et politiques de différance: immondices verbales et littéracies d’intervention dans le quotidien des établissements scolaires. GLAD!. Revue sur le langage, le genre, les sexualités, n. 07, 2019.

BRASIL. Lei 13.005, de 25 de junho 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE 2014-2024 e dá outras providências. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília: DF, 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

BREVILHERI, Ursula Boreal Lopes; LANZA, Fabio; SARTORELLI, May Romeiro. Neolinguagem e “linguagem neutra”: potencialidades inclusivas e/ou reações conservadoras. Research, Society and Development, v. 11, n. 11, p. e523111133741-e523111133741, 2022.

BRIGGS, C. L. “Interviewing, Power/Knowledge, and Social Inequality”. In: GUBRIUM F. J.; HOLSTEIN, J. A. (orgs.). Postmodern Interviewing. Thousand Oaks: SAGE, 2003.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Editora José Olympio, 2018.

CAMERON, Deborah. Verbal hygiene. Routledge, 2012.

COADY, Ann. The origin of sexism in language. Gender and Language, v. 12, p. 271-293, 2018.

DA MOITA LOPES, Luiz Paulo (Ed.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. Parábola, 2006.

DA MOITA LOPES, Luiz Paulo; FABRÍCIO, Branca Falabella. Por uma ‘proximidade crítica’nos estudos em Linguística Aplicada. Calidoscópio, v. 17, n. 4, p. 711, 2019.

DE SOUZA SANTOS, Boaventura. Uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista Lua Nova, v. 39, 1997.

DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens, v. 2, p. 15-41, 2006.

FABRÍCIO, Branca Falabella. Linguística aplicada como espaço de “desaprendizagem”: redescrições em curso. Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, p. 45-65, 2006.

FOUCAULT, Michel. Nacimiento de la biopolítica: curso del Collège de France (1978-1979). Ediciones Akal, 2009.

FREITAS, Monique Amaral de. O “x” da questão: gênero neutro como ato ético e estético. Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso (GEGe). Palavras e Contrapalavras: cortejando a vida no cotidiano. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, 2015.

GABRIEL, Ute; GYGAX, Pascal. Can societal language amendments change gender representation? The case of Norway. Scandinavian Journal of Psychology, v. 49, n. 5, p. 451-457, 2008.

GABRIEL, Ute; MELLENBERGER, Franziska. Exchanging the generic masculine for gender-balanced forms-The impact of context valence. Swiss Journal of Psychology, v. 63, n. 4, p. 273-278, 2004.

GRECO, Luca. Linguistic uprisings: Toward a grammar of emancipation. H-France Salon, v. 11, n. 14, p. 13, 2019.

GYGAX, Pascal; GABRIEL, Ute. Gender representation in language: More than meets the eye. 2011.

IRVINE, Judith T.; GAL, Susan; KROSKRITY, Paul V. Regimes of language: Ideologies, polities, and identities. Paul V. Kroskrity, Ed, p. 35-83, 2000.

Junqueira, Rogério Diniz. (2018). A invenção da "ideologia de gênero": a emergência de um cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica reacionária antigênero. Rev. psicol. polít., São Paulo, 18 (43), 449-502.

Lagares, X. Da diacronia para a sincronia e além: A invenção da linguística e da língua nacional. In. Vieira, F.; Bagno, M. (orgs.), História das línguas, histórias da linguística, Linguística da norma, p. 85 – 112. São Paulo: Loyola. 2020

MISHER, E. Research interviewing: Problems of the research interview. 1986.

OLIVEIRA, Samuel. A linguagem neutra e o ensino de língua portuguesa na escola. OTHERO, Gabriel de Ávila; FILHO, Fábio Ramos Barbosa. Linguagem “Neutra”. Língua e Gênero em Debate. São Paulo: Parábola, p. 177-195, 2022.

PENNYCOOK, Alastair. Performativity and language studies. Critical inquiry in language studies: An international journal, v. 1, n. 1, p. 1-19, 2004.

ROULSTON, Kathryn; HALPIN, Sean N. Designing qualitative research using interview data. The SAGE handbook of qualitative research design, v. 1, p. 667-683, 2022.

SALGADO, Fernanda Maria Munhoz et al. Os sentidos do sofrimento ético-político na população LGBT em situação de rua em um centro de acolhida da cidade de São Paulo. 2011.

SAWAIA, Bader Burihan. O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão-inclusão. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social, p. 96-116, 1999.

SIGNORINI, Inês. Por uma teoria da desregulamentação linguística. In: BAGNO, M. (Org.). Linguística da norma. São Paulo: Edições Loyola, p. 93-125, 2012.

SILVERMAN, D. Interpreting Qualitative Data. Methods for Analyzing Talk, Text and Interaction. 2. ed. London: SAGE, 2001.

SPINOZA, Baruch. Ética. Belo Horizonte: Autêntica. 2007.

VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. Trad. Paulo Bezerra. São, 2001.

VIGOTSKY, Lev Semenovich et al. Pensamento e linguagem [em linha]. 1987.

Téléchargements

Publiée

2025-06-11

Comment citer

Ribas, D. de O. (2025). Linguagem e emoção: o sofrimento ético-político de professores sobre a abordagem de “linguagem neutra” na escola. The ESPecialist, 46(1), 587–611. https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e68104

Numéro

Rubrique

The affective turn in Applied Linguistics