A linguagem tem uma pele
elementos filosóficos para uma leitura austiniana de Espinosa
DOI:
https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e68017Palabras clave:
Afeto, Estudos espinosanos da linguagem, Ato de fala perlocucionário, Espinosa, ÉticaResumen
Neste artigo são descritos gestos de leitura teórico-filosóficos que propõem aproximar afeto, como entendido por Espinosa na Ética (2009[1677]), da Teoria dos Atos de Fala de Austin (1990[1975]) para a composição de perspectivas teórico-metodológicas que privilegiam corpo e afeto na investigação em Linguística Aplicada. São apresentadas duas correntes de pensamento sobre afeto na contemporaneidade, tensionando um ponto de disputa: o discurso. Em seguida a teoria de afetividade de Espinosa é apresentada para propor que afeto seja um efeito de sentido corporificado inerente ao existir na/pela linguagem. Emparelha-se então Austin e Espinosa para projetar a dimensão perlocucionária do ato da fala como a dimensão afetiva da linguagem e assim sugerir que a incorporação do conceito de afeto à pragmática do perlocucionário pode fornecer um corpo filosófico sólido para edificação de percursos analíticos interessados pelas disposições afetivas do discurso e de semioses em geral. A leitura austiniana de Espinosa informou teoricamente a tese de que a linguagem tem uma pele e que o interesse pelo corpo une a vulnerabilidade afetiva de Espinosa à vulnerabilidade linguística de Austin.
Citas
AHMED, Sara. Happy Objects. In: GREGG, Melissa; SEIGWORTH, Gregg J. (eds) The affect theory reader. Duke University Press, 2010. DOI: https://doi.org/10.1215/9780822393047.
AHMED, Sara. The cultural Politics of emotion. New York: Routledge, 2014 [2008].
ALTHUSSER, Louis. A corrente subterrânea do materialismo do encontro (1982). Crítica Marxista, São Paulo, Ed. Revan, v.1, n.20, 2005, p.9-48. Tradução de Mônica Zoppi-Fontana. Disponível em: https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/critica20-A-althusser.pdf
BONFANTE, Gleiton Matheus. Erótica dos signos em aplicativos de pegação: performances íntimo-espetaculares de si. Rio de Janeiro: Multifoco, 2016.
BONFANTE, Gleiton Matheus. A linguagem na pele: afeto como ato de fala perlocucionário, 2020. Tese de Doutorado em Interdisciplinar em Linguística Aplicada – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.
BONFANTE, Gleiton Matheus. Gatilhos afetivos do discurso e a compra e venda de estímulos semióticos no Twitter. Revista Da Anpoll, 53(1), 199–214, 2022. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i1.1627.
AUSTIN, John L. Quando dizer é fazer. Palavras e ação. Trad. Danilo Marcondes. Porto alegre: Artes Médicas 1990 [1962].
BESNIER, Niko. Language and affect. Annu. Rev. Anthropol. 19, 1990, p. 419-451.
BUCHOLTZ, Mary; HALL, Kira. Embodied sociolinguistics. In. COUPLAND, Nikolas (ed.), Sociolinguistics: Theoretical debates. Cambridge: CUP, 2016, p.173-197.
BUTLER, Judith. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. New York: Routledge,1993.
BUTLER, Judith. Excitable speech: a Politics of performative. London: Blackwell, 1997.
BUTLER, Judith; PRINS, Baukjie; MEIJER, Irene C. Como os corpos se tornam matéria: entrevista com Judith Butler. Revista de Estudos Feministas, n 155, 2002. Tradução de Susana Bornéo Funck. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2002000100009.
BUTLER, Judith. Undoing gender. Nova York: Routledge, 2004.
CLOUGH, Patricia. (De)coding the subject-in-affect. Subjectivity 23, p. 140–155, 2008.
DELEUZE, Gilles. Espinosa: filosofia prática. Trad. de Daniel Lins e Fabien Pascal Lins.São Paulo: Escuta, 2002 [1981].
FELMAN, Shoshana. The Literary Speech Act: Don Juan with J L. Austin, or Seduction in Two Languages. Ithaca: Cornell University Press, 1983.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber vol. I, Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
GEIZER, Marcos André. Espinosa e a afetividade humana. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
GLAPKA, Ewa. Critical affect studies: on applying discourse analysis on affect, body and power. Discourse & Society, V. 30, n.6 p. 600-621, 2019. https://www.jstor.org/stable/26775709.
LYONS, John. Semantics, Vol. 1. Cambridge: Cambridge University Pres, 1977.
MASSUMI Brian. Parables for the Virtual: Movements, Affect, Sensation. Durham: Duke University Press, 2002.
MOITA LOPES, Luis Paulo. Uma Linguística Aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como lingüista aplicado In: MOITA LOPES, L.P. (Org.) Por uma Linguística Aplicada (In)disciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
OCHS, Elinor.; SCHIEFFELIN, Bambi. Language has a heart Text. Interdisciplinary Journal for the Study of Discourse, Vol.9(1), p.7-26, 1989.
RAJAGOPALAN, Kanavilil. Notas de conferência, 2017.
RUFINO, Luis. Pedagogia das Encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula editorial, 2019.
SPINOZA, Baruch. Ética. Tradução: Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2009 [1677].
SEGDWICK, Eve K. Touching feelings: affect, pedagogy, performativity. London & Durham: Duke University Press, 2003.
THRIFT Nigel. Non-Representational Theory: Space, Politics and Affect. London: Routledge, 2008.
WETHERELL, Margaret. Affect and Emotion: A New Social Science Understanding. London: Sage. 2012.
WETHERELL, Margaret. Affect and discourse – what’s the problem? From affect as excess to affective/discursive practice. Subjectivity, p. 349–368 6(4) 2013.
WETHERELL, Margaret. Trends in the Turn to Affect: A Social Psychological Critique. Body & Society l. 21(2) 139–166 2015
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 The Especialist

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
The authors grant the journal all copyrights relating to the published works. The concepts issued in signed articles are the absolute and exclusive responsibility of their authors.
Esta obra está licenciada com uma Licença