Por uma formação decolonial de educadores no Brasil

Autores

  • Bianca Sgai Franco Medeiros Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e68043

Palavras-chave:

Formação de Educadores, Decolonialidade, Brincar, Multiletramento Engajado

Resumo

Este artigo apresenta um recorte das descobertas possibilitadas pela pesquisa intitulada “Formação decolonial de educadores: o Multiletramento Engajado em um projeto de extensão” (Medeiros, 2023). Situada na área da Linguística Aplicada Crítica (Moita Lopes, 2006) e baseada na Teoria Sócio-Histórico-Cultural (TASHC) (Vigotski, 2001; Leontiev, 2014), a pesquisa é resultado da análise multimodal qualitativa-interpretativista de parte do curso “Multiletramento Engajado: currículo como (trans)formação”. Gratuito e oferecido a profissionais da educação, graduandos e estudantes da Educação Básica, pelo Projeto de Extensão “Brincadas: o inédito viável em tempos de crise”, ocorrido no segundo semestre de 2021. O estudo aqui presente focaliza principalmente a investigação sobre a possibilidade de um caminho decolonial (Mignolo; Walsh, 2018) para a formação contínua de educadores por meio do trabalho com técnicas do Teatro do Oprimido (Boal, 1970) dentro de parte de uma proposta de Multiletramento Engajado (Liberali, 2022). Especificamente, traz a análise sobre uma proposição dentro da Imersão na Realidade avaliando o engajamento das/o participantes numa postura decolonial dos sujeitos envolvidos, Assim, acredita-se que  este artigo possibilita a reflexão acerca da formação crítica de educadores, em seu amplo contexto no Brasil, a partir da interpretação multimodal dos dados, sendo possível perceber que o brincar no Multiletramento Engajado é ferramenta potente para o engajamento dos sujeitos em questões reais de injustiça e que um planejamento que tenha por propósito o engajamento dos envolvidos no processo de aprendizagem permite o desenvolvimento de agência transformadora das situações de injustiça destacadas. Constata-se a necessidade da construção de novas práticas pedagógicas que possibilitem repensar a formação desses profissionais vislumbrando sujeitos mais crítico-colaborativos e que ousem exercer sua agência transformadora (Vianna e Stetsenko, 2011) nos diversos e diferentes contextos educacionais em que atuam, visando a possibilidade do inédito viável (Freire, 1970) sob uma perspectiva intercultural (Candau, 2008) e decolonial em prol das justiças social, cognitiva, curricular, ecológica e epistêmica.

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Publicado

2025-04-11

Como Citar

Medeiros, B. S. F. . (2025). Por uma formação decolonial de educadores no Brasil. The Especialist, 46(1), 156–185. https://doi.org/10.23925/2318-7115.2025v46i1e68043

Edição

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Artigos