EDUCAÇÃO, AÇÃO CULTURAL E CONSCIENTIZAÇÃO: DOUTRINAÇÃO OU DESVELAMENTO?
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2018v16i4p1076-1093Palavras-chave:
educação, formação crítica, formação científicaResumo
Pretende-se, neste estudo, pensar dialeticamente as categorias; educação, cultura e conscientização a partir das contribuições de Freire e Gramsci. Para tal, parte-se de uma crítica antiga, todavia, mais do que nunca necessária aos dias atuais. Trata-se do discurso ideológico da neutralidade na educação. Levantes (políticos) reacionários, como o Escola sem partido, demonstram a necessidade de manter viva a discussão. O percurso textual traz a premissa de que, uma vez que não existe neutralidade, e a sociedade seja lugar de disputa, a escola, por sua vez, também o é. Diante disso, coloca-se a necessidade de que professores e professoras – militando por sua formação, para além do estritamente didático-instrumental –; afinados com os interesses da classe trabalhadora-oprimida, com sua conscientização, compreendam o processo educacional em suas múltiplas dimensões dentre as quais destacam-se: (i) a científica, técnica e instrumental e a; (ii) social-crítica. Ou seja, faz-se necessário oferecer, rigorosamente o ensino dos conteúdos historicamente sistematizados pela humanidade na mesma medida em que sua análise deva ser feita partindo da realidade atual, concreta que se mostra efervescente na sala de aula e não pode ser ignorada. Isto é, faz-se preciso sistematizar o trabalho educacional de modo que suas partes indicotomizáveis sejam cada vez mais (e intencionalmente) solidárias entre si. Dessa forma, o ensino de conteúdos históricos (passados e atuais, locais e globais) e a análise da realidade concreta por meio da ferramenta adquirida (o conhecimento dos conteúdos) colocam-se como, dentre outros, para além da escola, instrumentos de formação de consciência crítica.
Referências
ADORNO, Theodor W; HORKHEIMER, Max. A dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2014.
COMTE, August. Curso de filosofia positiva; Discurso sobre o espírito positivo; Discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo; Catecismo positivista. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa a ensinar. 26. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2016.
______. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
______. Política e educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014b.
______. Educação e mudança. 36. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014a.
______. Ação cultural para liberdade e outros escritos. 14. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
______; GUIMARÃES, Sérgio. Partir da infância: diálogos sobre educação. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
______. Pedagogia do oprimido. 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
GRAMSCI, Antônio. O leitor de Gramsci: escritos escolhidos 1916-1935. Carlos Nelson Coutinho, organizador. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
LOCKE, Jonh. Segundo tratado sobre o governo civil e outros escritos: ensaio sobre a origem, os limites e os fins do verdadeiro governo civil. Petrópolis: Vozes, 1994.
MARX, Karl. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011.
______. Manifesto do partido comunista. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
______; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. São Paulo: Boitempo, 2007.
Amancio Leandro Correa PIMENTEL, Antônia Solange Pinheiro XEREZ
Educação, ação cultural e conscientização: doutrinação ou desvelamento? 1093
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2008.
SIMIONATTO, Ivete. Gramsci: sua teoria, incidência no Brasil, influência no Serviço Social. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
PENNA, Fernando. O Escola sem Partido como chave de leitura do fenômeno educacional. In: FRIGOTTO, Gaudêncio (Orgs.). Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ; LPP, 2017.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.Todo o conteúdo da Revista e-Curriculum é aberto para acesso público, propiciando maior visibilidade, alcance e disseminação dos trabalhos publicados.