Diálogo crítico educacional no seio da globalização

saberes da educação quilombola nas Ilhas de Abaetetuba, Amazônia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2022v20i1p198-216

Palavras-chave:

escola quilombola, identidade, currículo, globalização, desterritorialização

Resumo

Aborda-se neste artigo a escola quilombola, numa comunidade situada nas Ilhas de Abaetetuba, Amazônia, a partir de uma discussão teórico-conceptual da globalização e das teorias pós-coloniais ou decoloniais e de uma metodologia de um estudo de caso, a partir de uma roda de conversa que reuniu atores diferentes da comunidade educativa. As vozes desses atores, bem como a observação dos espaços culturais são um ponto de partida para situar o contexto das comunidades remanescentes de quilombo e seus atuais desafios, perante uma lógica de uniformização que tem contribuído para a perda de identidade desses espaços de formação, através dos seus saberes, das suas práticas e das suas tradições.

Biografia do Autor

José Augusto Pacheco, Universidade do Minho

Docente do Instituto de Eduvcação da Universidade do Minho

Jacqueline Cunha Serra Freire, Universidade Federal do Pará

Faculdade de Educação da Universidade Federal do Pará

Mariza Felippe Assunção, Universidade Federal do Pará

Faculdade de Educação da Universidade Federal do Pará

Ila Beatriz Maia, Universidade do Minho

Instituto de Educação da Universidade do Minho

Referências

BRASIL. Decreto n.º 4.887/2003, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4887.htm. Acesso em: 13 fev. 2021.

BRASIL, MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=168161-pceb008-20&category_slug=janeiro-2021-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 15 fev. 2021.

BRASIL. Resolução CNE/CEB N.º 8, de 20 de novembro de 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=11963&Itemid=. Acesso em: 15 fev. 2021.

CASTRO, Edna Maria Ramos de (Org.). Territórios em transformação na Amazônia: saberes, rupturas e resistências. Belém: NAEA, 2017.

CARDANO, Mario. Manual de pesquisa qualitativa. A contribuição da teoria da argumentação. Petrópolis: Vozes, 2017.

CARDOSO, Maria Barbara. Saberes ribeirinhos quilombolas e sua relação com a educação de jovens e adultos da comunidade de São João do Médio Itacuruçá, Abaetetuba/PA. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2012.

CARRIL, Lourdes de Fátima. Os desafios da educação quilombola no Brasil: o território como contexto e texto. Revista Brasileira de Educação, v. 22, n. 69, p. 539-564, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1413-24782017226927. Acesso em: 10 mar. 2021.

CELESTINO, Aldésia Márcia. Educação escolar quilombola: perspectivas de práticas pedagógicas inovadoras no contexto da Escola Rural Quilombola de Lage dos Negros. Dissertação (Mestrado em Ciências da Educação) - Universidade da Madeira, Funchal, 2016.

CHAVES, Eleici Ramos. Titularização: processo de luta para o reconhecimento de identidade quilombola da Vila de Caeté. Fato & Diversões - Revista de História, v. 10, n. 20, p. 3-19, 2018. Disponível em: https://desafioonline.ufms.br/index.php/fatver/article/view/7221. Acesso em: 15 fev. 2021.

CONRAD, Sebastian. O que é a história global? Lisboa: Edições 70, 2019.

COSTA, Laércio Farias; OLIVEIRA, Maria Rita. Os saberes tradicionais e os dispositivos legais: uma análise das práticas culturais da comunidade remanescente de quilombo do Itacuruçá (Abaetetuba/Pará). Estudos IAT, v. 4., n. 2, p. 246-269, 2019. Disponível em: http://estudosiat.sec.ba.gov.br/index.php/estudosiat/article/view/149. Acesso em: 13 fev. 2021.

DELEUZE, Gilles. Foucault. 2. ed. Lisboa: Veja, 1998.

DELEUZE, Gilles. Conversações (1972-1990). 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2013.

FLICK, Uwe. El diseňo de investigación cualitativa. Madrid: Morata, 2015.

FOUCAULT, Michel. Les mots el les choses. Une archéologie des savoirs humaines. Paris: Éditions Gallimard, 1966.

FOUCAULT, Michel. Qu’est-ce que la critique? Critique et Aufklärung. Bulletin de la Société Française de Philosophie, v. 82, n. 2, p. 35- 63, 1990.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996/2012.

GOMES, Arilson dos Santos. Quilombolas e educação: vivências de ações afirmativas em três regiões brasileiras. MÉTIS: história & cultura, v. 17, n. 33, p. 103-133, 2018. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/metis/article/view/6685#:~:text=O%20presente%20trabalho%20visa%20a,brasileiras%3A%20Porto%20Alegre%2C%20capital%20do. Acesso em: 30 jan. 2021.

GONÇALVES, Osmana Dias; RODRIGUES, Jondison Cardoso; FILHO, José Sobreiro. Marés das rebeldias em Abaetetuba: dos rios da existência à resistência dos territórios na Amazônia paraense, Baixo Tocantins. Revista Tamoios, v. 15, n. 1, p. 80-103, 2020. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/tamoios/article/view/41209/0. Acesso em: 25 maio 2021.

HAGE, Salomão António; CARDOSO, Maria Bárbara. Educação do campo na Amazônia. Interfaces com a educação quilombola. Retratos da Escola, v.7, n. 13, p. 1-14, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-753X2002000100008. Acesso em: 30 jan. 2021.

LABAREE, David F. School syndrome: understanding the USA’s magical belief that schooling can somehow improve society, promote access, and preserve advantage. Journal of Curriculum Studies, v. 44, n. 2, p. 143-163, 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/00220272.2012.675358. Acesso em: 30 jan. 2021.

LUIZ, Agatha Leticia. Para uma pedagogia das africanidades: enfrentamentos e resistências em um Quilombolo da Amazônia. In: CALS E SOUZA, Alexandre Augusto; NASCIMENTO, Afonso W. de Sousa (Orgs.). Políticas públicas na cidade e no campo. Debates. São Paulo: Paco Editora, 2019.

MATOS, Wesley Santos de Matos; EUGENIO, Benedito Gonçalves. Comunidades quilombolas: elementos conceituais para sua compreensão. PRACS: Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, v. 11, n. 2, p. 141-153, 2018. Disponível em: https://periodicos.unifap.br/index.php/pracs/article/view/3880. Acesso em: 30 jan. 2021.

PACHECO, José A. The “new normal” in education. Prospects, n. 51, p. 3-14. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11125-020-09521-x. Acesso em: 12 jun. 2021.

PACHECO, José A.; MAIA, Ila B. Transglobalidade, cosmopolitismo e inovação como linguagens da escola em tempo de crise. Revista Indagações em Educação, v. 1., n. 1, 2021. Disponível em: https://publicacoes.unifal-mg.edu.br/revistas/index.php/indagacoesemeducacao/article/download/1615/1208/. Acesso em: 12 jun. 2021.

PALONI, Marta Martins. Escola como garantidora do respeito à multiculturalidade. Revista Saberes, vol. 9, n. 1, p. 1-14, 2019. Disponível em: mitte.com.br/anais/simelp/resumos/PDF-trab-4022-1. Acesso em: 12 jun. 2021.

PESTRE, Dominique. Science, technologie et société. La politique des savoirs aujourd’hui. Paris: Foundation Calouste Gulbenkian, 2013.

PINAR, William F. Notes on understanding curriculum as a racial Text. In: MCCARTHY, Cameron; CRICHLOW, Warren (Eds.). Race, identity, and representation in education. New York: Routledge, 1993. p. 60-70.

PINAR, William F. Moving images of eternity: George Grant’s critique of time, teaching, and technology (education). Ottawa: The University of Ottawa Press, 2019.

PINAR, William, F.; REYNOLDS, William M.; SLATTERY, Patrick; TAUBMAN, Peter M. (Eds.). Understanding curriculum. An introduction to the study of historical and contemporary curriculum discourses. New York: Peter Lang, 1995.

POJO, Eliana Campos; ELIAS, Lina Dantas. O cotidiano das águas na tradição quilombola da comunidade do Rio Baixo Itacuruçá- Abaetetuba/PA. Revista Tempos históricos, v. 22, n. 2, p. 49-72, 2018. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/temposhistoricos/article/view/20509. Acesso em: 23 maio 2021.

RANIERI, Claudete Costa. Educação e resistência na comunidade do Baixo Itacuruçá em Abaetetuba no Pará: memória de luta na afirmação e valorização da identidade quilombola. 2016. Dissertação (Mestrado em Educação e Cultura) - Universidade Federal do Pará, Cametá, 2016.

ROCHA, Niel. A educação Quilombola e a reprodução cultural afrodescendente. Viseu: Editora Viseu, 2019.

SCHMITT, Alessandra; TURATTI, Maria Cecília; CARVALHO, Maria Celina. A atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, n. 10. p. 129-136, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-753X2002000100008. Acesso em: 10 mar. 2021.

SILVA, Luciane Teixeira. Educação escolar e identidade quilombola: um enfoque na comunidade Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, município de Abaetetuba, estado do Pará. 2013. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2013.

SOUSA SANTOS, Boaventura de. As bifurcações da ordem. Revolução, cidade, campo e indignação. Coimbra, Almedina, 2017.

STAKE, Robert. A arte de investigação com estudos de caso. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2009.

TADEU DA SILVA, Tomaz. Teorias do currículo. Uma introdução crítica. Porto: Porto Editora, 2000.

VIEIRA, Ima Célia Guimarães; TOLEDO, Peter Mann de; HIGUCHI, Horácio. A Amazônia no antropoceno. Ciência e Cultura, vol. 70, n. 1, p. 56-59, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602018000100015. Acesso em: 10 mar. 2021.

Downloads

Publicado

2022-03-30

Edição

Seção

Dossiê Temático CURRÍCULO, DIVERSIDADE E DIFERENÇAS CULTURAIS