A FUNDAMENTAÇÃO ÉTICO-DEMOCRÁTICA DA PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS: ADAPTAÇÃO OU EMANCIPAÇÃO?
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2017v15i4p958-990Palavras-chave:
Currículo. Ética. Democracia. Diálogo.Resumo
Por acreditar que somente uma educação ética e democraticamente organizada pode tornar os educandos agentes de transformações sociais, o presente trabalho procura compreender que concepção de educação emoldura a proposta curricular do Estado de São Paulo para o Ensino de Ciências e se ela está de acordo com princípios ético-críticos que conferem qualidade política e social à prática educativa. Para isso, foi realizada uma análise documental à luz da ética de Dussel, do diálogo de Freire e da emancipação de Adorno. Concluiu-se que a proposta curricular em questão se distancia de tais princípios por não explicitar o papel social da educação, por não se posicionar ética e politicamente a favor dos grupos sociais mais vulneráveise por não caracterizar a escola e a comunidade onde está inserida. Devido a seu caráter normativo, a referida proposta e seu material de apoio limitam a autonomia da escola, podendo ser considerados tão somente como documentos antidemocráticos por não levar em conta as demandas de todasas partes interessadas no processo de ensino-aprendizagem
Referências
ADORNO, Theodor W. (1951). Minima moralia: reflexões a partir da vida danificada. São Paulo: Ática, 1993.
ADORNO, Theodor W. [1971]. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
ALTHUSSER, Louis. (1973). Aparelhos ideológicos de Estado: notas sobre os aparelhos ideológicos de Estado (AIE). Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
ALVES, Anaí H. B. Manifestações de Obstáculos Gnosiológicos para a Seleção de Conteúdos na implementação de um Currículo Crítico em Ciências. Dissertação de Mestrado em Educação – Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, 2014.
ALVES, Anaí. H. B.; SILVA, Antonio F. G. (2015). Manifestações de Obstáculos Gnosiológicos para a Seleção de Conteúdos na Implementação de um Currículo Crítico em Ciências Naturais. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, 8(1), 181-207. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/alexandria/article/view/1982-5153.2015v8n1p181/29305>. Acesso em: 15 ago. 2017.
ANDRÉ, Marli E. D. A.; LÜDKE, Menga. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. Métodos de coleta de dados: observação, entrevista e análise documental. São Paulo: EPU, 1986.
APPLE, Michael W. Ideologia e currículo. São Paulo: Brasiliense, 1999.
BOURDIEU, Pierre F.; PASSERON, Jean-Claude. [1975] A Reprodução: Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2010.
BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2017.
CARNOY, Martin. Estado e Teoria Política. 2. ed. Campinas: Papirus, 1988.
CEREZER, Osvaldo M. Documentos de Identidade. Revista Aulas, Dossiê Foucault. n. 3. 2007.
DUSSEL, Enrique [1998]. Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
FREIRE, Paulo R. N. Quatro cartas aos animadores de círculos de cultura de São Tomé e Príncipe. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). A questão política da educação popular. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 136 -194.
FREIRE, Paulo R. N. [1968] Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo R. N. A Educação na Cidade. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2000.
FREIRE, Paulo R. N. [1996] Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
FURLAN, Angélica. B. S. O Pensamento Pedagógico de Pierre Bourdieu. In: LIMA, P. G. (Org.). Fundamentos da Educação: Recortes e Discussões. Volume 1. Jundiaí: Paco Editorial, 2014. Cap IX: p.145-164.
FURLAN, Angélica. B. S. Concepção de um Currículo Crítico: a Ética como Referências Praxiológica. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de São Carlos: Sorocaba, 2015.
GASPARELLO, Vânia M. (UERJ). A pedagogia da democracia de Paulo Freire. ANPED 25ª reunião anual. Caxambu, MG: 2002. Disponível em: <http://25reuniao.anped.org.br/vaniamedeirosgasparellot05.rtf.>. Acesso em: 12 ago. 2017.
GIROUX, Henry A. [1983]. Teoria crítica e resistência em educação. Petrópolis: Vozes, 1983.
GLAT, Rosana; NOGUEIRA, Mário Lúcio de L. Políticas educacionais e a formação de professores para a Educação Inclusiva no Brasil. Revista Integração, v. 24, Brasília: MEC/SEESP,14 (24), p. 22-27, 2002.
KONDER, Leandro A. M. C. O Ensino de Ciências no Brasil: um breve resgate histórico. In: CHASSOT, A.; OLIVEIRA, J. R. (Org). Ciência, ética e cultura na educação. São Leopoldo: UNISINOS, 1998, p. 25-67.
LIMA, Licínio. Paulo Freire e a governação democrática da escola: organização, participação e autonomia. Revista Fórum. Janeiro/junho 2002. Disponível em: <http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/seminarios/arq05.pdf.> Acesso em: 12 ago. 2017.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: Ciências da Natureza e suas tecnologias. São Paulo: SEE, 152 p. 2012.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Caderno do Professor: Biologia, Ensino Médio – 1º ano, volume 1. São Paulo: SEE, 2014.
SAUL, Ana M.; SILVA, A. F. G. da. O pensamento de Paulo Freire no campo de forças das políticas de currículo: a democratização da escola. Revista e-Curriculum, São Paulo, v.7, n. 3, dezembro 2011.
SILVA, Antonio F. G. da. A construção do currículo na perspectiva popular crítica: das falas significativas às práticas contextualizadas. 2004. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.
SILVA, Tomaz T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.Todo o conteúdo da Revista e-Curriculum é aberto para acesso público, propiciando maior visibilidade, alcance e disseminação dos trabalhos publicados.