POLÍTICAS CURRICULARES EM UMA LÓGICA CENTRALIZADORA E ESCAPES POSSÍVEIS: TECENDO OUTRAS REDES POLÍTICAS
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2017v15i4p1176-1207Palavras-chave:
Políticas curriculares. Discurso. Blogs. Regulação. Redes políticas..Resumo
Este artigo discute a produção de políticas curriculares num contexto em que perspectivas de centralização curricular se fortalecem, tomando como foco de análise o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), um programa de formação continuada de professores alfabetizadores instituído em 2012 pelo Ministério da Educação e que, em nossas pesquisas, lemos como política curricular, principalmente pelos nexos que estabelece com a produção da Base Nacional Comum Curricular e com o alinhamento à ideia de construção de um currículo nacional para a alfabetização. Operando com uma perspectiva discursiva apoiada nas teorizações de Bhabha, Laclau e Derrida e considerando a produção de redes de política como propõe Ball, assumimos o currículo como produção discursiva, fruto de lutas pelo poder de significação. Nessa linha, assumimos que não há significação objetiva nem há fechamento absoluto de sentidos, o que nos possibilita observar produções que transbordam os limites da própria política e incitam pensar escapes à lógica centralizadora em que ela se baseia. Tal percepção se desenvolve com base no que elegemos como mote de discussão: a leitura dos blogs criados por professores. Os blogs figuram no desenho do PNAIC como estratégia de disseminação de práticas exemplares, em uma regulação implícita das práticas pedagógicas. Contudo, temos observado que os professores, nessas redes, ao fortalecer diálogos com suas práticas e pares, tecem outras perspectivas de conhecimento, de currículo e de docência pelas significações que multiplicam acerca do currículo, o que defendemos como possibilidade de pensar a democratização curricular.
Referências
ALFERES, Maria Aparecida; MAI ARD S, efferson. Um currículo nacional para os anos iniciais An lise preliminar do documento “ lementos conceituais e metodol gicos para definição dos direitos de aprendizagem e desen ol imento do ciclo de alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do ensino fundamental”. online , . 14, n 1, p. 243-259, an. abr. 2014. Disponí el em: <http://www.curriculosemfronteiras.org>. Acesso em: jan. 2015.
BALL, Stephen. La micropolítica de la escuela. Hacia una teorización de la organización escolar. Barcelona: Paidós, 1989.
_____________. Educação global S. A.: novas redes políticas e o imaginário neoliberal. Ponta Grossa: UEPG, 2014.
BHABHA, Homi. O local de cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.
BRASIL. Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012. Institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade erta, as ações do Pacto e define suas diretrizes gerais. 2012a. Disponí el em: <http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/port_867_040712.pdf.>. Acesso em: 28 jun. 2015.
BRASIL. inistério da ducação. Elementos conceituais e met (1º, 2º e 3º anos) do ensino fundamental. Brasília: MEC/SEB, 2012b.
FRANGELLA, Rita de Cássia Prazeres Múltiplos contextos de produção curricular: conexões, conflitos e ações da Multieducação no cotidiano escolar: Projeto de Pesquisa. Rio de Janeiro, 2008.
______. Políticas de formação do alfabetizador e produção de políticas curriculares: pactuando sentidos para alfabetização, formação e currículo. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.11, n.1, p. 107-128, 2016a.
______. Currículo como local da cultura: por outras enunciações curriculares. IN: FRANGELLA, Rita de Cássia P. Currículo, formação e avaliação: redes de pesquisa em negociação. Curitiba, Editora CRV, 2016b.
LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemonia e estratégia socialista: por uma política democrática radical. São Paulo: Intermeios, 2015.
LOPES, Alice Casimiro. Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente: currículo. ENDIPE, 15, Belo Horizonte, 2010.
LOPES, Alice Casimiro; MACEDO; Elizabeth Fernandes. Teorias do currículo. São Paulo: Cortez, 2011.
MACEDO, Elizabeth. Currículo: política, cultura e poder. Currículo sem Fronteiras, v. 6, p. 98-113, 2006.
______. Currículo, identidade e diferença: articulações em torno das novas diretrizes curriculares nacionais para a educação básica. Projeto de pesquisa. Rio de Janeiro, 2011.
______. Prefácio. In: FRANGELLA, Rita de Cássia Prazeres. (Org.). Políticas curriculares, coordenação pedagógica e escola: desvios, passagens e negociações. Curitiba: CRV, 2016.
OTONI, Paulo. Tradução manifesta: double bind e acontecimento. Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: EdUSP, 2005.
SANTIAGO, Silviano. Glossário de Derrida. Trabalho realizado pelo Departamento de Letras da PUC/Rio. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.
SUSSEKIND, Maria Luiza. Q é… W . P ? Entrevistas com Maria Luíza Sussekind. Prefácio de Antônio Flávio Moreira. Petrópolis: De Petrus et Alli, 2014.
TEIXEIRA, Viviane Lontra. Travessias de (des)formação – encantos, descobertas, invenções e(m) encontros com o outro. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.Todo o conteúdo da Revista e-Curriculum é aberto para acesso público, propiciando maior visibilidade, alcance e disseminação dos trabalhos publicados.