“A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA”: HETEROTOPIAS DE UM SAMBA-ENREDO NO CURRÍCULO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2021v19i2p634-658

Palavras-chave:

Currículo, Heterotopias, Vidas.

Resumo

Considerando o currículo um território de multiplicidades, este artigo explora o conceito de heterotopias de Michel Foucault, acionando o samba-enredo da Mangueira de 2019. O argumento aqui desenvolvido é o de que o samba-enredo da Mangueira nos faz pensar contraespaços no currículo, necessários para a afirmação da vida e para o alargamento de possíveis nos territórios curriculares. Assim, o objetivo deste texto é discutir as possibilidades em um currículo que ultrapassem a linha do instituído, buscando, desse modo, a criação de contraespaços e alargarmento do território curricular para que nele caibam modos de vidas considerados invivíveis. Quando utilizamos o samba e o desfile para problematizar as heterotopias no currículo, vemo-nos implicados na política das subjetividades e nos outros espaços para além da Sapucaí, aqueles em que o desfile pode se desdobrar em novas construções e (des)continuidades.

Biografia do Autor

Danilo Araujo de Oliveira, UFMG

Doutorando da Linha de Currículos, Culturas e Diferença do Programa de Pós Graduação da FaE/UFMG e membro pesquisador do GECC (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Currículos e Culturas) e do Observatório da Juventude. Bolsista CAPES.

Anderson Ferrari, UFJF

Pós doutor em Educação e cultura visual pela Universidade de Barcelona/Espanha. Doutor em Educação pela Unicamp. Professor na Faculdade de Educação da UFJF. Professor permanente do PPGE/UFJF.

Carla Char, UFMG

Estuda Mestrado Acadêmico em Educação (Programa de Pós Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social - PPGE/FaE/UFMG), com bolsa CAPES. Graduada em Pedagogia com formação complementar em Dança (FaE/Belas Artes - Universidade Federal de Minas Gerais). Membro pesquisadora do GECC (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Currículos e Culturas).

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Publicado

2021-06-30

Edição

Seção

Artigos