Em busca do estudante ideal?

Reflexões docentes sobre o processo de juvenilização da EJA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2022v20i4p1633-1652

Palavras-chave:

EJA, juvenilização, teoria do discurso, universalismo.

Resumo

Com contribuições da Teoria do Discurso, a pesquisa realizada com docentes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) visou analisar os sentidos produzidos sobre a “juvenilização”. Foi identificado que os estudantes mais jovens são reconhecidos como vítimas das adversidades dos processos de escolarização; sua presença tende a ser significada como ameaça à possibilidade de a EJA atender a adultos que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos em condições de normalidade. Aportes da Teoria do Discurso possibilitaram interpretar que tais discursos se organizam a partir de um ideal de estudante e são carregados de sentidos idealistas e essencialistas que alimentam expectativas de controlar subjetividades que escapam a um ideal de estudante.

Biografia do Autor

Talita Vidal Pereira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Bolsista Produtividade 2 CNPq Jovem Cientista do Nosso Estado FAPERJ. Procientista UERJ. Doutora em Educação pela UERJ. Professora Associada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ lotada no Departamento de Formação de Professores da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF) É professora Permanente do Programa de Pós-graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (PPGECC-UERJ) e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação (PROPEd-UERJ). Líder do Grupo de Pesquisa Currículo: conhecimento & cultura (CNPQ). Integra os Grupos de Pesquisa Currículo, Formação e Educação em Direitos Humanos e Políticas de Currículo e Cultura. Participa da Rede Latino-americana de Teoria do Discurso e do Grupo de Trabalho de Currículo (GT 12) da Anped. É sócia da Associação Brasileira de Currículo (ABdC). Coordenadora do PPGECC/FEBF/UERJ (2014-2017).  Atuação na Educação Básica de 1985 a 2012. Produção acadêmica orientada principalmente para os seguintes temas: Currículo; Políticas curriculares, Currículo e Avaliação da Aprendizagem, Cultura; Conhecimento, Formação Docente.

Roberta Avoglio Alves Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd-UERJ). Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Educação, Cultura e Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal Fluminense (2004), com Especialização em Psicopedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2007). Atua como Professora I-Orientadora Educacional da Secretaria Municipal de Educação de Duque de Caxias/RJ e Orientadora Educacional da Fundação de Apoio à Escola Técnica. Tem experiência na área de Educação, principalmente nos seguintes temas: Alfabetização, Orientação Educacional, Educação Popular, Avaliação da Aprendizagem e Educação de Jovens e Adultos.

Referências

ANDRADE, Eliane R. A educação de jovens e adultos e os jovens do “último turno”: produzindo outsiders. 2004. 221 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2004.

ARROYO, Miguel. A educação de jovens e adultos em tempos de exclusão. In: BRASIL. Ministério da Educação. Construção coletiva: contribuições à educação de jovens e adultos. Brasília: Unesco/MEC/Raaab, 2006. p. 221-230.

BARRIGA, Ángel Díaz. Uma polêmica em relação ao exame. In: ESTEBAN, Maria Teresa (Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 5. ed. Petrópolis: DP et Alii, 2003. p. 51-82.

BARRIGA, Ángel Díaz. Impacto das políticas de avaliação e de qualidade nos projetos curriculares. In: LOPES, Alice Casimiro; ALBA, Alicia de (Orgs.). Diálogos curriculares entre Brasil e México. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2014. p. 147-175.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

BRASIL. Emenda Constitucional Nº 59, de 11 de novembro de 2009. Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 216, p. 8, 12 nov. 2009.

BRASIL. Lei Nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 6377, 12 ago. 1971.

BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, [1996]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 18 jan. 2021.

BRASIL. Lei Nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 65, p. 1-2, 5 abr. 2013.

BRASIL. Parecer CNE/CEB Nº 11, de 10 de maio de 2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília: Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica, [2000]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/legislacao/parecer_11_2000.pdf. Acesso em: 28 jan. 2021.

BRASIL. Resolução No 3, de 15 de junho de 2010. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos nos aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA; idade mínima e certificação nos exames de EJA; e Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da Educação a Distância. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 113, p. 66, 16 jun. 2010.

BRUNEL, Carmem. Jovens cada vez mais jovens na Educação de Jovens e Adultos. Porto Alegre: Mediação, 2004.

CARRANO, Paulo Cesar. Educação de Jovens e Adultos e juventude: o desafio de compreender os sentidos da presença dos jovens na escola da “segunda chance”. Reveja, Belo Horizonte, n. 1, p. 55-67, 2007. Disponível em: http://www.emdialogo.uff.br/sites/default/files/educacao_de_jovens_e_adultos_e_juventude_-carrano.pdf. Acesso em: 9 mar. 2017.

FÁVERO, Osmar; FREITAS, Marinaide. A Educação de Adultos e Jovens e Adultos: um olhar sobre o passado e o presente. Inter-Ação, Goiânia, v. 36, n. 2, p. 365-392, jul./dez. 2011. Disponível em: https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/16712. Acesso em: 14 out. 2017.

FERRAROTI, Franco. Sobre a autonomia do método biográfico. In: NÓVOA, António; FINGER, Mathias (Orgs.). O método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde, 1988. p. 19-34.

HADDAD, Sérgio; DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 14, p. 109-130, maio/ago. 2000.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia E Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: 2016-2019. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.brestatisticas/sociais/populacao/17270-pnad-continua.html?edicao=28203&t=publicacoes. Acesso em: 7 out. 2020.

LACLAU, Ernesto. Emancipação e diferença. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011.

LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemonía y estrategia socialista. Hacia una radicalización de la democracia. 3. ed. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2010.

LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Pós-marxismo sem pedido de desculpas. In: LOPES, Alice Casimiro; MENDONÇA, Daniel de (Orgs.). A teoria do discurso de Ernesto Laclau. Ensaios críticos e entrevistas. São Paulo: Annablume, 2015. p. 35-72.

LÉON, Oscar Dávila. Adolescência e juventude: das noções às abordagens. In: FREITAS, Maria Virgínia de (Org.). Juventude e adolescência no Brasil: referências conceituais. São Paulo: Ação Educativa, 2005. p. 9-18.

LOPES, Alice Casimiro. Teorias Pós-Críticas, Política e Currículo. Educação, Sociedade & Culturas, n. 39, p. 7-23, 2013. Disponível em: https://www.fpce.up.pt/ciie/sites/default/files/02.AliceLopes.pdf. Acesso em: 23 jul. 2020.

LOPES, Alice Casimiro. Por um currículo sem fundamentos. Linhas Críticas, Brasília, v. 21, n. 45, p. 445-466, maio/ago. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.26512/lc.v21i45.4581. Acesso em: 21 jan. 2018.

LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Currículo e cultura: o lugar da ciência. In: LIBÂNEO, José Carlos; ALVES, Nilda (Orgs.). Temas de Pedagogia: diálogos entre didática e currículo. São Paulo: Cortez, 2012. p. 152-166.

MACEDO, Elizabeth. Base Nacional Curricular Comum: novas formas de sociabilidade produzindo sentidos para educação. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 1.530-1.555, out./dez. 2014. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum. Acesso em: 18 nov. 2017.

MACEDO, Elizabeth. Base nacional comum para currículos: direitos de aprendizagem e desenvolvimento para quem? Educação & Sociedade, Campinas, v. 36, n. 133, p. 891-908, out./dez. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v36n133/1678-4626-es-36-133-00891.pdf. Acesso em: 18 nov. 2017.

MARCHART, Oliver. Teoria do Discurso, pós-estruturalismo e paradigma da escola de Essex. In: MENDONÇA, Daniel de; RODRIGUES, Léo Peixoto (Orgs.). Pós-estruturalismo e Teoria do Discurso: em torno de Ernesto Laclau. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. p. 10-13.

MATHEUS, Danielle dos Santos; LOPES, Alice Casimiro. Sentidos de qualidade na política de currículo (2003-2012). Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 2, p. 337-357, abr./jun. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/edreal/v39n2/v39n2a02.pdf. Acesso em: 18 nov. 2017.

OLIVEIRA, Roberta Avoglio Alves. Discursos docentes atribuídos à educação de jovens e adultos a partir de tensionamentos provocados pela juvenilização da modalidade: analisando o contexto de uma escola municipal de Duque de Caxias (RJ). 2018. Dissertação (Mestrado em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, 2018.

PARAÍSO, Marlucy Alves. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação e currículo: trajetórias, pressupostos, procedimentos e estratégias analíticas. In: MEYER, Dagmar Estermann; PARAÍSO, Marlucy Alves (Orgs.). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. 2. ed. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2014. p. 25- 47.

PEREIRA, Talita Vidal. Gramática e Lógica: jogo de linguagem que favorece sentidos de conhecimento como coisa. Currículo sem Fronteiras, [s. l.], v. 17, n. 3, p. 600-616, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.curriculosemfronteiras.org/vol17iss3articles/pereira.pdf. Acesso em: 21 jan. 2021.

RAVITCH, Diane. O problema com a responsabilização. In: RAVITCH, Diane (Ed.). Vida e morte no grande sistema escolar americano – como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a Educação. Porto Alegre: Sulina, 2011. p. 171-190.

UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Declaração de Hamburgo e agenda para o futuro: V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos. Hamburgo, Alemanha, 1997. Lisboa: Unesco/Ministério da Educação/Ministério do Trabalho e Solidariedade, 1998.

VELHO, Gilberto. O desafio da proximidade. In: KUSCHNIR, Karina; VELHO, Gilberto (Orgs.). Pesquisas urbanas: desafios do trabalho antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p. 11-19.

Downloads

Publicado

2022-12-28

Edição

Seção

Artigos