PROFESSOR (NÃO) É EDUCADOR? EMBATES PELA IDENTIDADE DOCENTE NO CINQUENTENÁRIO DE “PEDAGOGIA DO OPRIMIDO”
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2019v17i1p184-203Palabras clave:
Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido, Identidade Docente, Escola Sem Partido, Educador.Resumen
É impossível ignorar a influência do pensamento de Paulo Freire na educação brasileira. Um dos maiores expoentes da crítica ao modelo educacional praticado ainda hoje, Freire tornou-se “leitura obrigatória” nos cursos de licenciatura, em especial a partir de fins dos anos de 1990 e início dos anos 2000, e inspirou muitos professores em suas práticas junto aos alunos da educação básica e ensino superior.Nos últimos anos, no entanto, parece estar se firmando no Brasil uma resistência bastante forte às proposições freireanas, fenômeno acompanhado por um ressurgimento e fortalecimento do pensamento conservador de modo mais amplo. No presente artigo, objetivamos descrever os embates entre esses dois discursos, nos perguntando acerca de seus efeitos sobre as identidades docentes, que cada vez mais são alvo de intensas investidas de poder. Lançamos mão de ferramentas teórico-metodológicas de inspiração foucaultiana para execução da análise. O material empírico selecionado está composto pelas obras Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire (1987) e Professor não é educador, de Armindo Moreira (2012). Os resultados evidenciaram que persiste e se intensifica, na atualidade, uma divergência significativa na concepção de educação e do papel do professor entre o ideário liberal/ neoliberal e a teorização crítica. Nesse sentido, nos colocamos a refletir acerca da função política da educação a fim de problematizarmos a neutralidade, nomeada como uma indispensável característica do professor por movimentos como o Escola Sem Partido. Por mais estranho que isso nos pareça, aprendemos com essa pesquisa, que aos que combatem Freire, parece possível ser professor sem educar.
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