(Re)invenções curriculares e gingas de gênero e sexualidade em meio aos fantasmas do neoconservadorismo
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2025v23e69615Palavras-chave:
curriculo, neoconservadorismo, subjetividade, gênero, sexualidadeResumo
O artigo dedica atenção a movimentos curriculares inesperados que emergiram na Rede Estadual de Ensino de Pernambuco em meio a reiterações de uma gramática neoconservadora. Trata-se de um recorte de uma pesquisa de Mestrado que demandou o acolhimento de narrativas e documentos que surgiram no caminho investigativo. Percebeu-se que os impactos do neoconservadorismo foram sentidos em diferentes municípios e unidades escolares do estado. No entanto, o processo articulatório entre demandas conservadoras que sustentaram tais forças não anulou os movimentos diferenciais. Escolas e unidades técnicas “gingaram” com essa gramática e transitaram por ela, criando movimentos em cruzo – Andanças, Imó Xirê, Azougues – que transmutaram os desafios da travessia, possibilitando a inscrição de subjetividades diferenciais e modos de vida não domados pelo padrão canônico.
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