A influência da compreensão leitora na resolução de problemas matemáticos

um estudo com crianças de 3º e 4º anos do ensino fundamental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-3156.2022v24i1p456-485

Palavras-chave:

Resolução de problemas matemáticos, Raciocínio Quantitativo., Compreensão leitora, estratégias para resolução de problemas

Resumo

A resolução de problemas matemáticos envolve algumas habilidades específicas, entre elas, o raciocínio quantitativo, já consolidado na literatura como preditivo para o desempenho matemático, e a compreensão leitora, cuja relação com o desempenho na matemática necessita de mais estudos. Diante disso, este estudo buscou analisar as relações entre a habilidade de compreensão leitora e o desempenho na resolução de problemas matemáticos, considerando também o raciocínio quantitativo. Para tanto, 127 estudantes de 3º e 4º anos do Ensino Fundamental de duas escolas de Porto Alegre – RS realizaram as tarefas de raciocínio quantitativo, de compreensão leitora e de resolução de problemas matemáticos. Para a análise, dividiu-se a amostra em categorias de baixo, médio e alto desempenho em cada uma das tarefas. Os resultados mostraram que não houve associação significativa entre compreensão leitora e resolução de problemas, entretanto, encontramos associação significativa entre resolução de problemas e raciocínio quantitativo e entre raciocínio quantitativo e compreensão leitora. Corrobora-se a importância do raciocínio quantitativo para o desempenho matemático e defende-se que a resolução de problemas exige uma compreensão leitora com conhecimento para além da linguagem comumente utilizada no exercício de interpretação de textos escolares, mas de uma linguagem específica da matemática.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Janaína Mota Fidelis, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestre em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - PPGEdu UFRGS - 2020; cursa Especialização em Atendimento Educacional Especializado pela Faculdade da Região Serrana; Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Centro Universitário La Salle - 2015; Especialista em Orientação Educacional pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci - 2014; Licenciada em Pedagogia pelo Centro Universitário La Salle - 2012. É professora de anos iniciais na Rede Municipal de Canoas -RS (2016 - até o momento), atua também como professora de Sala de Recursos Multidisciplinares. Atuou como professora de anos inicias na Rede Municipal de Novo Hamburgo - RS (2014 - 2016). Possui experiência na Educação de Tempo Integral. Trabalhou como Supervisora de Secretaria de Ensino da Factum Escola Técnica e Superior em Porto Alegre-RS, atuando como Pesquisadora Institucional nesta instituição, trabalhando diretamente com a Coordenação Pedagógica e com os assuntos referentes à Secretaria de Ensino (2011 - 2014). Pesquisa sobre o ensino da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. ORCID iD 0000-0002-7899-9729

Camila Peres Nogues, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestra em Educação (2017) e Licenciada em Matemática (2013) pela mesma universidade. Áreas de interesse: Ensino e Aprendizagem de Matemática e Formação de Professores. Aprendizagem de crianças com dificuldades em matemática. Habilidades cognitivas subjacentes à aprendizagem da matemática. Cognição Numérica.

Elielson Magalhães Lima, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Mestre em Matemática pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL, possui pós-graduação em Matemática e Estatística pela Universidade Federal de Lavras - UFLA. Atualmente é Professor Assistente da Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL e Professor de Matemática do Município de Arapiraca.

Beatriz Vargas Dorneles, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professora titular do Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Programa de Pós-graduação em Educação da mesma universidade. Cursou graduação em Pedagogia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1980), mestrado em Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1986), e doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano na Universidade de São Paulo (1996) e realizou Estágio Pós-Doutoral na Universidade de Oxford-UK (2009 e 2014). Foi editora Associada da Revista Educação e Realidade da Faculdade de Educação de 2015 a 2020 e coordenadora adjunta do PPGEdu (2019), função que já exercera nos anos de 2013-2014 e foi membro da Câmara de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul de 2018 a 2020. Atualmente é consultora de várias revistas nacionais e internacionais e revisora de agências de fomento regionais, nacionais e internacionais. Os interesses de pesquisa incluem formação de professores, diversidade na aprendizagem de diferentes sistemas simbólicos, aprendizagem da Matemática inicial e suas dificuldades em diferentes grupos de crianças, incluindo crianças surdas e crianças com TDAH, aprendizagem da estimativa numérica, relações entre inteligência e aprendizagem e a descrição de precursores do desempenho matemático.

Referências

Angelini, A.L.; Alves, I.C.B.; Custódio, E.M.; Duarte, W.F.; Duarte, J.L.M. (1999). Matrizes Progressivas Coloridas de Raven: Escala Especial. Manual. São Paulo: CETEPP.

Batty, G. D.; Kivimäki, M.; Deary, I. J. (2010). Intelligence, education and mortality. British Medical Journal, 340, p.1 – 2. DOI: 10.1136/bmj.c563

Bonilha, M. A. C.; Vidigal, S. M. P. (2016) Resolução de problemas nas aulas de matemática: o recurso problemateca. In: Smole, K. S.; Diniz, M. I. Porto Alegre, Penso.

Brasil. Base Nacional Curricular Comum: Educação é a base. Ministério da Educação; Conselho Nacional de Educação. – Brasília: MEC/ CNE, 2017.

Boonen, A. J. H.; Van Der Schoot, M.; Florytvan, W.; De Vries, H.; Jolles, J. (2013). What underlies successful word problem solving? A path analysis in sixth grade students. Contemporary Educational Psychology, 38, p. 271 - 279. DOI: 10.1016/j.cedpsych.2013.05.001

Boonen, A. J. H.; Van Wesel, F.; Jolles, J.; Van Der Schoot, M. (2014). The role of visual representation type, spatial ability, and reading comprehension in word problem solving: An item-level analysis in elementary school children. International Journal of Educational Research, 68, p. 15 – 26. DOI: 10.1016/j.ijer. 2014.08.001

Connor, C. M.. A lattice model of the development of reading comprehension. (2016). Child Developmental Perspectives, [s. l.], 10 (4), p. 269-274. https://doi.org/10.1111/cdep.12200

Connor, C. M.; Philips, B. M.; Kaschak M.; Apel, K.; Kim, Y. S.; Otaiba, S. A.; Crowe, E. C.; Thomas-Tate, S.; Johnson, L. K.; Lonigan, C. J. (2014). Comprehensive tools for teachers: reading for understanding from prekindergarten through fourth grade. Educational Psychology Review, Rotterdam, 26 (3), p. 379-401. https://doi. org/10.1007/s10648-014-9267-1

Corso, H. V.; Assis, E.; Nunes, D. M.; Salles, J. F. Desenvolvimento da compreensão de leitura: o papel decisivo da instrução focada nas diferenças individuais. Letras de Hoje, 54 (2), p. 211 – 220. http://dx.doi.org/10.15448/1984-7726.2019.2.32445

Creswell, J. W. (2012). Educational Research: planning, conducting and evaluating quantitative and qualitative research. 4th ed. Pearson Education.

Fletcher, J. M.; Lyons, G. R.; Fuchs, L. S.; Barnes, M. A. (2009). Transtornos de aprendizagem: da identificação à intervenção. (R. C. Costa, Trad.). Porto Alegre: Artmed.

Fuchs, L. S.; Fuchs D.; Compton, D. L.; Hamlett, C. L.; Wang, A. Y. (2015). Is word-problem solving a form of text comprehension? Scientific Studies of Reading, 19, p. 204–223. https://doi. org/10.1080/10888438.1005745 [PubMed: 25866461]

Fuchs, L.; Fuchs, D.; Seethaler, P. M.; Cutting, L. E.; Mancilla-Martinez, J. (2019). Connections between Reading Comprehension and Word- Problem Solving via Oral Language Comprehension: Implications for Comorbid Learning Disabilities. New Dir Child Adolesc Dev, 165, p. 73 -90. https://doi. org/10.1002/cad.20288.

Fuchs, L. S.; Gilbert, J. K.; Fuchs, D.; Seethaler, P. M.; Martin, B. N. (2017). Text Comprehension and Oral Language as Predictors of Word- Problem Solving: Insights into Word-Problem Solving as a Form of Text Comprehension. In: Sci Stud Read, 22 (2), p. 152–166. https://doi. org/10.1080/10888438.2017.1398259.

Golbert, C. S.; Salles, J. F. (2010) Desempenho em leitura escrita e em cálculos aritméticos em crianças de 2ª série. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. 14 (2), p. 203-210, 2010. https://doi.org/10.1590/S1413-85572010000200003

Itacarambi, R. R. (Org.). (2010). Resolução de Problemas: construção de uma metodologia: (ensino fundamental I). São Paulo: Editora Livraria da Física.

Kintsch, W.; Greeno, J. G. (1985). Understanding and solving word arithmetic problems. Psychological Review, 92, p. 109–129. https://doi.org/10.1037/0033-295X.92.1.109 [PubMed: 3983303]

Machado, A. P. G.; Matos, A. M. S. (2019). Compreensão Leitora na Resolução de Problemas na Prova Brasil de Matemática. Signum: Estudos da Linguagem, Londrina, 22 (1), p. 88- 113. http://dx.doi.org/10.5433/2237-4876.2019v22n1p88

Magina, S. M. P.; Santos, A.; Merlini, V. L. (2014). O raciocínio de estudantes do Ensino Fundamental na resolução de situações das estruturas multiplicativas. Ciência e Educação, Bauru, 20 (2), p. 517 – 533. https://doi.org/10.1590/1516-73132014000200016

Meyer, M. S. (2002). Repeated reading: An old standard is revisited and renovated. Perspectives, 28, p. 15-18.

Murnane, R. J.; Willett, J. B.; Braatz, M. J.; Duhaldeborde, Y. (2001). Do different dimensions of male high school students’ skills predict labor market success a decade later? Evidence from the NLSY. Economics of Education Review, 20, p. 311 - 320. https://doi.org/10.1016/S0272-7757(00)00056-X

Nortvedt, G. A. (2011). Coping strategies applied to comprehend multistep arithmetic word problems by students with above-average numeracy skills and below-average Reading skills. The Journal of Mathematical Behavior, 30, p. 255 – 268. http://doi.org/10.1016/j.jmathb.2011.04.003

Nunes, T. (2009). Teacher notes. Disponível em: <http://www.education.ox.ac.uk/ndcs/Resources/teachersbook_exercises.pdf>.

Onuchic, L. R.; Leal Junior, L. C. (2016). A Influência da Leitura na Resolução de Problemas: Questões de sentidos, significados, interesses e motivações. REMATEC, 21, p. 24-46. https://doi.org/10.37084/REMATEC.1980-3141.2016.n21.p%p.id58

Pires, C. M. C. Panorama da Educação Matemática em alguns países da América Latina. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, 19 (1), p. 1 – 12, 2017. http://dx.doi.org/10.23925/1983-3156.2017v19i3p1-12

Powell, S. R.; Berry, A.; Benz, S. A. (2020). Analyzing the word-problem performance and strategies of students experiencing mathematics difficulty. Journal of Mathematical Behavior, 58, 100759, p. 1 – 16. https://doi.org/10.1016/j.jmathb.2020.100759

Purpura, D. J.; Napoli, A. R. (2015). Early Numeracy and Literacy: Untangling the Relation Between Specific Components. Mathematical Thinking and Learning, 17(2-3), p. 197–218. https://doi.org/10.1080/10986065.2015.1016817

Ritchie, S. J.; Bates, T. C. (2013). Enduring Links From Childhood Mathematics and Reading Achievement to Adult Socioeconomic Status. Psychological Science, 24 (7), p. 1301 – 1308. https://doi.org/10.1177/0956797612466268

Saraiva, R. A.; Moojen, S. M. P.; Munarski, R. (2017) Avaliação da compreensão leitora de textos expositivos: para fonoaudiólogos e psicopedagogos. 3. ed. São Paulo: Pearson Clinical.

Swanson, H. L.; Cooney, J. B.; Brock, S. (1993). The influence of working memory and classification ability on children’s word problem solution. Journal of Experimental Child Psychology, 55, p. 374 – 395. https://doi.org/10.1006/jecp.1993.1021

Swanson, H. L. (2016) Word Problem Solving, Working Memory and Serious Math Difficulties: Do Cognitive Strategies Really Make a Difference? Journal of Applied Research in Memory and Cognition. http://dx.doi.org/10.1016/j.jarmac.2016.04.012

Van Dooren, V.; Lem, S.; De Wortelaer, H.; Verschaffel, L. (2018) Improving realistic word problem solving by using humor. Journal of Mathematical Behavior, 53, p. 96 – 104. https://doi.org/10.17632/pj57m8hk5p.1

Vilenius-Tuohimaa, P. M.; Aunola, K.; Nurmi, J. E. (2008). The association between mathematical word problems and reading comprehension. Educational Psychology: An International Journal of Experimental Educational Psychology, 28 (4), p. 409 – 426. https://doi.org/10.1080/01443410701708228

Downloads

Publicado

2022-04-22