Aproximações e distanciamentos identitários entre empreendedorismo e gênero na Base Nacional Comum Curricular e na formação de professores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2022v20i4p1534-1554

Palavras-chave:

Base Nacional Comum Curricular, formação de professores, empreendedorismo, identidade de gênero.

Resumo

Neste artigo, buscou-se compreender as relações discursivas e conflituosas entre o empreendedorismo neoliberal e as identidades de gênero presentes na Base Nacional Comum Curricular de 2018 e na Base Nacional Comum para Formação Inicial de Professores da Educação Básica de 2019, interseccionadas por documentos que interferem na elaboração dos projetos pedagógicos dos cursos de Licenciatura. Como base teórica, utilizaram-se os conceitos de identidade na pós-modernidade, de gênero, de empreendedorismo e o currículo como espaço de disputas de identidades. Como metodologia, construíram-se as relações discursivas, aqui pensadas como teia discursiva, entre os documentos analisados, a partir de expressões caras ao empreendedorismo e às identidades de gênero. Identificou-se ser possível constituir projetos pedagógicos que considerem as identidades de gênero, ainda que os documentos analisados priorizem o empreendedorismo.

Biografia do Autor

Francisco Egberto de Melo, Universidade Regional do Cariri

Professor da área de Ensino de História da Universidade Regional do Cariri (URCA). Mestre em História Social e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará. Líder do Núcleo de Pesquisa Ensino, História e Cidadania - NUPHISC/CNPq. Foi Pró-Reitor de Ensino de Graduação da Universidade Regional do Cariri (2015-2019). Tem experiência em ensino e pesquisa na área de Educação e História, com ênfase em História da Educação e Ensino de História, atuando principalmente nos seguintes temas: Formação de Professores; Ensino de História; Educação, cultura e história; Metodologia do ensino de História; Educação, Estado e políticas públicas; Educação, biopoder, espaços escolares e não escolares; Efemérides, ensino de História e História Pública, Currículo e Ensino de História. É professor do Mestrado Profissional em Ensino de História - ProfHistória/URCA/UFRJ, foi membro da Comissão Estadual de Implementação da Base Nacional Comum Curricular (2018) como representante da Universidade Regional do Cariri. Atualmente realiza estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Educação, na Universidade Estadual do Ceará, PPGE/UECE.

Antonio Germano Magalhães Junior, Universidade Estadual do Ceará

Graduando em Psicologia pela Universidade Estadual do Ceará, Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará (1991), graduação em História pela Universidade Estadual do Ceará (1994), especialização em pesquisa educacional pela Universidade Federal do Ceará (1992) e educação a distância pela Universidade de Brasília (2001), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (1998), doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2003) e pós-doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2009). Atualmente é professor da Universidade Estadual do Ceará. Ministra aulas na graduação, especialização, Mestrado e Doutorado Acadêmico em Educação, Mestrado Profissional em Ensino de Saúde, Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Doutorado Acadêmico em Políticas Públicas, pesquisando na área de história da cultura e educação brasileira, avaliação e tecnologias na educação. Exerce a função de avaliador ad hoc do MEC/INEP e Conselho de Educação do Estado do Ceará. Participa de grupos de pesquisa sobre a temática história da educação brasileira, avaliação e educação a distância. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0988-4207

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2022-12-28

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Artigos