Mundo comum, mundo de ninguém

a aposta em um movimento desconstrutivo da Democracia

Autores

  • Matheus Saldanha do Amaral Reis Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Gabriel Santos da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Pedro Ferreira de Lima Crespo Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2025v23e69009

Palavras-chave:

democracia, diferença, comum, currículo

Resumo

Neste estudo teórico, argumenta-se que a construção histórica da democracia moderna fortalece uma ideia de “comum” que fundamenta projetos de realidade em diversas propostas curriculares. Dialogando com referenciais pós-estruturais e pós-fundacionais, aponta-se que as ordens hegemônicas estão em constante disputa por significação na educação. É importante trabalhar com o que escapa do controle para reforçar a construção democrática como “porvir”, prometendo a inclusão do outro como pura alteridade. Questiona-se a fantasia de mudar o mundo educando as crianças para um futuro inexistente, pois o presente está sempre sendo reescrito e disputado. Assume-se a discursividade como caminho para ampliar significações, em que tensionamentos são produtivos para refletir sobre necessidades impossíveis de posições comprometidas com a abertura à diferença nos processos educativos e políticas curriculares.

Biografia do Autor

Matheus Saldanha do Amaral Reis, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ). Docente na Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Gabriel Santos da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutor em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PROPEd/UERJ). Professor Substituto da disciplina de Currículo, Avaliação em Educação e Didática na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em Educação Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2019), Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2016). É membro do Grupo de Pesquisa Conhecimento, Currículo e Avaliação (UERJ-CNPQ) e da Rede Interinstitucional de Grupos de Pesquisa sobre Privação de Liberdade. Possui experiência como professor da educação básica e como pesquisador nas áreas de Educação de Jovens e Adultos em espaços de privação de liberdade, Políticas Públicas educacionais, Currículo e Criminologia.

Pedro Ferreira de Lima Crespo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - ProPEd/UERJ. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - PPGECC/FEBF/UERJ (2022). Licenciado em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO (2019). Integra o Grupo de Pesquisa Conhecimento, Currículo e Avaliação (CONCAVA/CNPQ). Servidor Técnico-Administrativo em Educação no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET/RJ. Membro da Comissão de Heteroidentificação (CHET) e da Comissão de Análise de Cotas de Povos Indígenas e Quilombolas (COADIQ) do Comitê de Políticas de Igualdade e Cotas Étnico-Raciais (CPICER/CEFET/RJ). Professor em Projetos de Educação Popular desde 2017.

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Publicado

2025-07-08

Como Citar

Reis, M. S. do A. ., Silva, G. S. da ., & Crespo, P. F. de L. . (2025). Mundo comum, mundo de ninguém: a aposta em um movimento desconstrutivo da Democracia. Revista E-Curriculum, 23, e69009. https://doi.org/10.23925/1809-3876.2025v23e69009

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Edição Temática ABdC 2025 “Subjetividades e subjetivações ..."