“Nem tudo são flores”
(des)construção e resistência de gênero no currículo do enredo de uma Quadrilha Junina
DOI:
https://doi.org/10.23925/1809-3876.2025v23e69339Palavras-chave:
curriculo, gênero, estudos culturaisResumo
O problema investigado neste artigo está relacionado a como as normas de gênero são produzidas e questionadas no currículo cultural do enredo Nem tudo são flores, da quadrilha junina Asa Branca do Sertão. O objetivo foi analisar o enredo como um currículo cultural não escolar. A pesquisa fundamentou-se nas teorias pós-críticas de currículo e nos estudos de gênero (Louro, 1997; Paraíso, 2010), explorando como as narrativas da quadrilha produzem e contestam normas de gênero. Metodologicamente, analisaram-se vídeos e músicas, destacando temas como violência de gênero e hierarquização no trabalho. Os resultados mostram que o enredo expõe padrões patriarcais e mobiliza resistências, incentivando mulheres a criarem possibilidades de existência. Ressalta-se a relevância do debate de gênero na cultura popular e a pedagogia cultural como ferramenta contra desigualdades sociais.
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