“Nem tudo são flores”

(des)construção e resistência de gênero no currículo do enredo de uma Quadrilha Junina

Autores

  • Marcilene da Silva Lima Souza Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
  • Danilo Araujo de Oliveira Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2025v23e69339

Palavras-chave:

curriculo, gênero, estudos culturais

Resumo

O problema investigado neste artigo está relacionado a como as normas de gênero são produzidas e questionadas no currículo cultural do enredo Nem tudo são flores, da quadrilha junina Asa Branca do Sertão. O objetivo foi analisar o enredo como um currículo cultural não escolar. A pesquisa fundamentou-se nas teorias pós-críticas de currículo e nos estudos de gênero (Louro, 1997; Paraíso, 2010), explorando como as narrativas da quadrilha produzem e contestam normas de gênero. Metodologicamente, analisaram-se vídeos e músicas, destacando temas como violência de gênero e hierarquização no trabalho. Os resultados mostram que o enredo expõe padrões patriarcais e mobiliza resistências, incentivando mulheres a criarem possibilidades de existência. Ressalta-se a relevância do debate de gênero na cultura popular e a pedagogia cultural como ferramenta contra desigualdades sociais.

Biografia do Autor

Marcilene da Silva Lima Souza, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências de Codó CCC; Bolsista de iniciação científica do Programa Residência Pedagógica; Foi bolsista e atualmente e voluntaria do Projeto Maria Filó.

 

Danilo Araujo de Oliveira, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Professor Adjunto da Universidade Federal do Maranhão. Doutor em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe. Possui graduação em Pedagogia (UNINTER, 2020) e Letras Português/Inglês pela UNIRB Faculdade Atlântico (2013). Lídero do Grupo de Pesquisa sobre Questões e Políticas de Currículo. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículos e Culturas (GECC) e do Observatório da Juventude.

Referências

BRASIL. IBGE. Censo Demográfico. 2023. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/genero/20163-estatisticas-de-genero-indicadores-sociais-das-mulheres-no-brasil.html?edicao=39270. Acesso em: 24 maio 2024.

BRASIL. Lei nº 14.611, de 3 de julho de 2023. Dispõe sobre a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens; e altera a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Brasília: Presidência da República, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/l14611.htm. Acesso em: 24 maio 2024.

COSTA, Marisa Cristina Vorraber. Estudos culturais: para além das fronteiras disciplinares. In: COSTA, Marisa Cristina Vorraber (org.). Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema. 2. ed. Porto Alegre: Universidade, 2004. p. 13-36.

CUNHA, Marlecio Maknamara da Silva. Currículo, gênero e nordestinidade: o que ensina o forró eletrônico? 2011. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

FERREIRA, Júlio César Valente. Problematização das questões étnico-raciais no debate sobre as escolas de samba do Rio de Janeiro. In: FERREIRA, Júlio César Valente (org.). Festa e memória: perspectivas étnico-raciais. São Paulo: Pimenta Cultural, 2020. p-62-86.

FISCHER, Rosa Maria Bueno. O estatuto pedagógico da mídia: questões de análise. Educação & Realidade, v. 2, 1997. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71363. Acesso em: 20 mar. 2024.

HIRATA, Helena. Gênero, patriarcado, trabalho e classe. Revista Trabalho necessário. v. 16, n. 29, p. 14-27, 2018. Disponível em: https://periodicos.uff.br/trabalhonecessario/article/download/59654/34785/209925. Acesso em: 15 fev. 2024.

LARROSA, Jorge. Tecnologias do Eu e Educação. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.) O sujeito da educação: estudos foucaultianos. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

LAURETIS, Teresa De. A tecnologia do gênero. Tradução de Suzana Funck. In: HOLLANDA, Heloisa (org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 206-242.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar em Revista, n. 17, p. 153-176, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/xrmzBX7LVJRY5pPjFxXQgnS/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 15 mar. 2024.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Petrópolis: Vozes, 1997.

MACHADO, Maria das Dores Campos; BARROS, Myriam Lins de. Gênero, geração e classe: uma discussão sobre as mulheres das camadas médias e populares do Rio de Janeiro. Revista Estudos Feministas, v. 17, p. 369-393, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2009000200005/11343. Acesso em: 12 jan. 2024.

MARTINS, Conceição Garcia; DA LUZ, Nanci Stancki; DE CARVALHO, Marília Gomes. Relações de gênero no trabalho doméstico. Fazendo Gênero, v. 9, p. 1-10, 2010. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/cgt/article/view/6089. Acesso em: 12 jan. 2024.

MEYER, Dagmar Estermann. Gênero e educação: teoria e política. In: LOURO, Guacira; FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana V. (orgs.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. v. 2. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 9-27.

MEYER, Dagmar Esterman. Abordagens pós-estruturalistas de pesquisa na interface educação, saúde e gênero: perspectiva metodológica. In: MEYER, Dagmar Esterman; PARAÍSO, Marlucy Alves (orgs.). Metodologias de pesquisa pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2012. p. 47-62.

MORAIS, Maria Eugênia Bonocore. Performatividade de gênero em O primeiro homem mau, de Miranda July. 2017. Dissertação (Mestrado em Letras) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

NASCIMENTO, Maria Luiza Freitas Marques do. Antirracismo e educação: os sambas - enredo como ferramenta pedagógica para a construção de identidade, cultura e memória afro-brasileira na escola. Revista Em Favor de Igualdade Racial, v. 4, n. 3, p. 129-144, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufac.br/index.php/RFIR/article/view/5046. Acesso em: 15 dez. 2023.

NEVES, Magda Almeida de. Trabalho e gênero: permanências e desafios. Sociedade e cultura, v. 9, n. 2, p. 257-265, 2006. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fcs/article/view/483. Acesso em: 12 jan. 2024.

OLIVEIRA, Danilo Araujo de; FERRARI, Anderson; CHAR, Carla. “A história que a história não conta”: heterotopias de um samba-enredo no currículo. Revista e-Curriculum, v. 19, n. 2, p. 634-658, 2021. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/45922. Acesso em: 12 jan. 2024.

OLIVEIRA, Danilo Araújo de; FRANGELLA, Rita de Cássia Prazeres. Currículos culturais não escolares: sobre um campo em constante expansão, invenção e criação para afirmação da vida. Série-Estudos, v. 27, n. 61, p. 3-12, 2022. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2318-19822022000300003. Acesso em: 12 fev. 2024.

OLIVEIRA, Danilo Araujo de; SALES, Shirlei. Ferramentas pós-críticas educacionais e curriculares para pesquisar e analisar vídeos. Acta Scientiarum Education, v. 45, 2023. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciEduc/article/view/65751. Acesso em: 12 fev. 2024.

PARAÍSO, Marlucy Alves. Lazer em estudo: currículo e formação profissional. Campinas: Papirus, 2010.

PARAÍSO, Marlucy Alves. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação e currículo: trajetórias, pressupostos, procedimentos e estratégias analíticas. In: MEYER, Dagmar Estermann; PARAÍSO, Marlucy Alves (org.). Metodologias de pesquisa pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2012. p. 23-46.

SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica de Joan Scott. Educação & realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 12 mar. 2024.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias de currículo. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica,2020.

TERRA, Maria Fernanda; D’OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas; SCHRAIBER, Lilia Blima. Medo e vergonha como barreiras para superar a violência doméstica de gênero. Athenea Digital: Revista de pensamiento e investigación social, v. 15, n. 3, p. 109-125, 2015. Disponível em: https://atheneadigital.net/article/view/v15-n3-terra-doliveira-schraiber. Acesso em: 15 mar. 2024.

Downloads

Publicado

2025-07-08

Como Citar

Souza, M. da S. L., & Oliveira, D. A. de . (2025). “Nem tudo são flores” : (des)construção e resistência de gênero no currículo do enredo de uma Quadrilha Junina. Revista E-Curriculum, 23, e69339. https://doi.org/10.23925/1809-3876.2025v23e69339

Edição

Seção

Edição Temática ABdC 2025 “Subjetividades e subjetivações ..."