Linguagem de adolescentes sob medidas socioeducativas em meio aberto
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-2724.2017v29i3p470-479Palavras-chave:
Estudos de linguagem, Adolescente, Delinquência juvenil, Medidas socioeducativas em meio abertoResumo
O objetivo desta pesquisa foi levantar aspectos da linguagem, sobretudo dos discursos de adolescentes sob medida socioeducativa em meio aberto para problematizar noções patologizantes e/ou de desqualificação social advindas de eventuais singularidades do repertório e das formas de enunciação desses sujeitos. Foi realizada no CEDECA-Madalena. Os sujeitos foram nove adolescentes que cumprem medidas na instituição, com idades entre 15 e 18 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de três estratégias complementares: a) entrevistas semiestruturadas com os adolescentes; b) aplicação do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) com os adolescentes; c) entrevista aberta com os funcionários. Os resultados apontaram para aspectos peculiares na linguagem e no discurso dos adolescentes, em acordo com suas condições de vida e de sociabilidades. Os resultados do MEEM não apontaram indícios de distúrbios de linguagem nos sujeitos da pesquisa, com exceção de um adolescente, que teve pontuação levemente abaixo de seu grau de escolaridade, mas sem alteração discursiva. Os adolescentes foram críticos em relação aos seus modos de falar, atribuindo valor negativo ao uso de gírias e de metalinguagem própria aos grupos de convívio (inclusive na marginalidade), como se esses usos da linguagem fossem inferiores e, por isso, os impedisse de transitar em outras esferas sociais. Pôde-se concluir que adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto podem apresentar autoimagem rebaixada em relação aos seus modos de falar e/ou escrever, referindo-se a eles como não aceitáveis na sociedade em geral, o que geraria empecilhos à circulação e à inserção social mais ampla.
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