A construção do conhecimento matemático vetorial à luz do desenvolvimento do espírito científico e dos obstáculos epistemológicos de Bachelard
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-3156.2022v24i2p682-727Palavras-chave:
História dos Vetores, Epistemologia de Bachelard, Obstáculos Epistemoógicos, Espírito CientíficoResumo
Esse artigo tem por objetivo analisar o desenvolvimento do conhecimento científico da história dos vetores a partir do desenvolvimento do Espírito Científico e dos Obstáculos Epistemológicos propostos por Bachelard (1884-1962), a fim de responder ao seguinte questionamento: De que forma se deu a presença e a ruptura dos obstáculos epistemológicos propostos por Bachelard ao longo do desenvolvimento do espírito científico da história dos vetores? No período Pré-Científico, compreendido desde a Antiguidade Clássica até os séculos XVI ao XVIII, o estudo partiu das análises e definições de Aristóteles, Newton, Leibniz’, Well e Argand Gauss, que foram os principais e os primeiros autores a utilizar a ideia de vetores. No Estado Científico, final do século XVIII até o início do século XX, foram analisados o surgimento das teorias sobre vetores, sendo os principais autores: Möbius, Hamilton, Grassmann, Cliford, Gibbs e Heaviside. Na Era do Novo Espírito Científico, observou-se a preocupação com a axiomatização da teoria de vetores, em especial, pelos seguintes autores: Peano, Shimmarck, Georg Hamel, Hahn, Wiener e Banach e a axiomatização proposta por Garret Birkhoff e Saunders Mac Lane. Ao finalizar o estudo e análise das teorias que marcam o desenvolvimento do sistema vetorial, é evidente a presença da ruptura e da vigilância epistemológica tratadas por Bachelard. De acordo com o autor, o espírito científico amadurecido e formado deve estar em constante vigilância, em constante reflexão sobre a reflexão para que porventura não venham surgir novamente obstáculos já superados ou novos e que impeçam o desenvolvimento do espírito científico.
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