Relações entre matemática e filosofia na emergência da matemática pura: a matemática como fundamento da pensabilidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-3156.2022v24i2p108-146

Palavras-chave:

Filosofia da Matemática, Matemática Pura

Resumo

Neste artigo, investigamos as tensões e ingerências entre filosofia e matemática no contexto da emergência da matemática pura na Prússia, no século XIX. É bem conhecida, na historiografia, a ocorrência de uma virada epistemológica na matemática nesse século, que viria a reestruturar as concepções internas de seus objetos, em detrimento de uma noção quantitativa e a partir de uma concepção relacional. Argumentamos aqui que essa mudança perpassa, justamente, o entendimento kantiano de que, ao lidar com juízos sintéticos a priori, a matemática se conceberia como fundamento da pensabilidade. Nosso percurso então se faz por meio da investigação de manifestações dessas noções nos trabalhos de dois autores: Jakob Fries, filósofo da ciência e da matemática do início do século, e Hermann Grassmann, matemático, cuja obra viria a influenciar novas concepções na segunda metade do século. Nossa pesquisa identifica, nas perspectivas e práticas de Fries e Grassmann, uma unidade conceitual, em torno da reflexão fundacional da matemática a partir de estruturas abstratas do pensar. Essa constatação revela, por outro lado, a intervenção de práticas e referências filosóficas no interior da prática matemática, produzindo tensões e abarcando um relevante papel na mudança epistemológica em questão.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Gert Schubring, Universidade de Bielefeld

D.Sc. Universität Bielefeld, 1977
Universität Bielefeld, Alemanha / Instituto de Matemática, UFRJ

Linha de Pesquisa: História da Matemática e da Física

Referências

Cassirer, E. (1953). Substance and Function. Translated by William & Maria Swabey. Dover Publications Inc., 1953.

Ferreira, D., & Schubring, G. (2021). “Complex numbers” and the problem of multiplication between quantities. Historia Mathematica.

Fries, J.F. (1822). Die mathematische Naturphilosophie nach philosophischer Methode bearbeitet: ein Versuch. CF Winter.

Gajdenko, P. (1981). Ontologic Foundation of Scientific Knowledge in Seventeenth-and Eighteenth-Century Rationalism. In H. N. Jahnke & M. Otte (eds.): Epistemological and social problems of the sciences in the early nineteenth century (pp. 55-63). Springer, Dordrecht.

Gillies, D. (1992). Revolutions in Mathematics. Clarendon.

Grassmann, H. (1844). Die Wissenschaft der extensiven Größe oder die Ausdehnungslehre, eine neue mathematische Disziplin. Leipzig.

Grassmann, H. (1861). Lehrbuch der Arithmetik für höhere Lehranstalten. Th. Chr. Fr. Enslin.

Grassmann, H. (1995). A new branch of mathematics: the “Ausdehnungslehre” of 1844 and other works. Translated by Lloyd C. Kannenberg. Open Court Publishing Company.

Herrmann, K. (1994). Jakob Friedrich Fries (1773-1843): Eine Philosophie der exakten Wissenschaften. Tabula Rasa. Jenenser Zeitschrift Für Kritisches Denken (6).

Henke, E.L.T. (1867). Jakob Friedrich Fries. Aus seinem handschriftlichen Nachlasse dargestellt. Brockhaus.

Kant, I. (1992b). Theoretical Philosophy, 1755–1770, translated by D. Walford in collaboration with R. Meerbote, The Cambridge Edition of the Works of Immanuel Kant.

Kant, I. (2005). Crítica da razão pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 5º edição. Fundação Calouste Gulbenkian.

Kuhn, T. (1992). A estrutura das revoluções científicas. Perspectivas.

Lewis, A.C. (1977). H. Grassmann's 1844 Ausdehnungslehre and Schleiermacher's Dialektik. Annals of Science, 34:2, 103-162

Neurath, O. (1955). Unified Science as Encyclopedic Integration. In: O. Neurath, R. Carnap & C. Morris (eds.): International Encyclopedia of Unified Science. The University of Chicago Press.

Pulte, H. (2006). Kant, Fries and the Expanding Universe of Science. In: M. Friedman, & A. Nordmann (eds.): The Kantian Legacy in Nineteenth-Century Sciences, p. 101–122. MIT Press.

Radford, L. (1997). On psychology, historical epistemology, and the teaching of mathematics: Towards a socio-cultural history of mathematics. For the learning of mathematics, 17(1), 26-33.

Roque, T. (2012). História da Matemática: Uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Zahar.

Schubring, G. (1981). The conception of pure mathematics as an instrument in the professionalization of mathematics. In: H. Mehrtens, H. Bos & I. Schneider (eds): Social history of nineteenth century mathematics. p. 111-134. Birkhäuser.

Schubring, G. (1996). The cooperation between Hermann and Robert Grassmann on the foundations of mathematics. In: G. Schubring (ed.): Hermann Günther Graßmann (1809–1877): Visionary Mathematician, Scientist and Neohumanist Scholar, p. 59-70. Springer.

Schubring, G. (1996). Hermann Günther Grassmann (1809-1877): visionary mathematician, scientist and neohumanist scholar. Springer Science & Business Media, 1996.

Schubring, G. (1999). Philosophie der Mathematik bei Fries. In W. Hogrebe and H. Kay (eds.): Jakob Friedrich Fries—Philosoph, Naturwissenschaftler und Mathematiker: Verhandlungen des Symposions “Probleme und Perspektiven von Jakob Friedrich Fries’ Erkenntnislehre und Naturphilosophie” vom 9.–11. (pp. 175–193) Friedrich–Schiller–Universität Jena.

Schubring, G. (2005). Conflicts between generalization, rigor, and intuition: number concepts underlying the development of analysis in 17th-19th century France and Germany. Springer.

Struik, D. (1987). A concise history of mathematics. 4th edition. Dover Publications.

Timerding, H.E. (1923). Kant und Gauss. Kant-Studien, v. 28, n. 1-2, p. 16-40.

Tobies, R. (1996). The Reception of H. Graßmann’s mathematical achievements by A. Clebsch and his school. In G. Schubring (ed.): Hermann Günther Graßmann (1809–1877): Visionary Mathematician, Scientist and Neohumanist Scholar (pp. 117-130). Springer, Dordrecht.

Downloads

Publicado

2022-08-31

Como Citar

LINDER, V.; SCHUBRING, G. Relações entre matemática e filosofia na emergência da matemática pura: a matemática como fundamento da pensabilidade. Educação Matemática Pesquisa Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 108–146, 2022. DOI: 10.23925/1983-3156.2022v24i2p108-146. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/view/57379. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Finalizada - Número especial: Filosofia da Educação Matemática –2022