Relações com a matemática: entendimentos de pesquisadores do campo da Educação Matemática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-3156.2022v24i2p497-534

Palavras-chave:

Relação com o saber, correntes filosóficas, prática social, aspecto sociocultural

Resumo

Este artigo objetiva investigar elementos que caracterizam relações com a matemática, apontados por pesquisadores de produções stricto sensu desenvolvidas a partir do aporte teórico da relação com o saber. Para tanto, segue uma abordagem qualitativa orientada por princípios da análise de conteúdo. A produção de dados envolve a análise de trabalhos stricto sensu identificados por intermédio de um mapeamento que compõe um panorama nacional em três repositórios: REPERES, BDTD e Catálogo da Capes, além de três entrevistas e 13 questionários, respondidos por autores e/ou orientadores de algumas dessas de dissertações e teses. A sistematização dos dados é composta por cinco categorias constituídas a posteriori, a saber: correntes filosóficas; conhecimentos científicos e escolares; aspectos interdisciplinares; aspectos socioculturais e práticas sociais. Entre os resultados, observa-se que todos os sujeitos consideram a matemática como uma criação humana, destacando, principalmente, influências no desenvolvimento da sociedade decorrentes de conhecimentos construídos por diferentes grupos sociais. No que tange às correntes filosóficas logicismo, formalismo e intuicionismo, constata-se que o logicismo obteve maior destaque, por meio da caracterização da natureza e de estruturas matemáticas. Também se identificam entendimentos referentes a conhecimentos matemáticos escolares e científicos, mas tal denominação possui um potencial mais relevante do ponto de vista didático do que conceitual. Quanto à linguagem matemática, observam-se incidências vinculadas ao formalismo, aspectos interdisciplinares, socioculturais, bem como na matemática escolar e científica. Além disso, destaca-se que a perspectiva humanista atrelada a práticas sociais e aspectos socioculturais são as relações estabelecidas com maior frequência.

Metrics

Carregando Métricas ...

Referências

Barbosa, G. (2011). Descoberta ou Invenção? A Origem de uma Indagação e um Exemplo de sua Extensão. Seminário Nacional de História da Matemática (pp. 1-11). Aracaju: Sociedade Brasileira de História da Matemática. http://www.each.usp.br/ixsnhm/Anaisixsnhm/Comunicacoes/1_Barbosa_G_Descoberta_ou_Inven%C3%A7%C3%A3o.pdf

Barbosa, G. (2019). Dois paradigmas de escrita matemática grega: Euclides e Arquimedes. XV Encontro Paranaense de Educação Matemática (pp. 1-10). Londrina: Encontro Paranaense de Educação Matemática. http://www.sbemparana.com.br/eventos/index.php/EPREM/XV_EPREM/paper/viewFile/1217/944.

Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Edições 70.

Bicudo, M. A. V. E, Venturin, J. (2016). Filosofando sobre Educação Matemática. Perspectivas da Educação Matemática, 9 (20), p. 278-306. https://periodicos.ufms.br/index.php/pedmat/article/view/2875.

Bishop, A. J. (1988). Mathematical enculturation: a cultural perspective on mathematical education. Kluwer Academic Publishers.

Bishop, A. J. (1991). Mathematical values in the teaching process. In A. Bishop, S. Mellin-Olsen & J. Van Dormolen (orgs.), Mathematical knowledge: its growth through teaching (pp. 193-214). Kluwer Academic Publishers.

Ministério da Educação (MEC). (2018). Base Nacional Comum Curricular. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica. Diário Oficial República Federativa do Brasil, Brasília.

Broitman, C., Charlot, B. (2014). La relación con el saber. Un estudio con adultos que inician la escolaridad. Educación matemática, 26 (3), p. 7-35. https://documat.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5986592.

Bkouche, R., Charlot, B., Rouche, N. (1991). Faire des mathématiques: le plaisir du sens. Armand Colin.

Camillo, S. G. (2010). Las críticas de Aristóteles a Platón em Metafísica I, 9. Educación matemática, 15 (1), p. 169-195. https://www.revistas.ufg.br/philosophos/article/view/8545.

Cademartori, P., Broitman, C. (2016). Matemáticas escolares y extraescolares. Una mirada de los pobladores rurales de la provincia de Buenos Aires hacia sus propios sabere. In D. J. Bolaños (org.), Experiencias y propuestas de mejora. (pp. 117-137). Universidad Autónoma de Sinaloa.

Charlot, B. (1997). Du rapport au savoir. Éléments pour une théorie. Anthropos.

Charlot, B. (2000). Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Artes.

Charlot, B. (2001). Os jovens e o saber: perspectivas Mundiais. Artmed.

Charlot, B. (2005). Relação com o saber. formação dos professores e globalização – questões para a educação hoje. Artmed.

Charlot, B. (2013). Educação e artes cênicas. Interfaces contemporâneas. WAK.

Charlot, B. (2020). La notion de rapport au savoir: origines et problématiques. Dialogue, 178(2), p. 42-45.

Charlot, B. (2021). Os Fundamentos Antropológicos de uma Teoria da Relação com o Saber. Revista Internacional Educon, 2 (1), p. 1-18. https://grupoeducon.com/revista/index.php/revista/article/download/1727/1363/3508#:~:text=o%20saber%3A%20d%C3%A1%2Dse%20forma,%2C%20originalmente%2C%20%C3%A9%20um%20verbo.&text=humaniza%C3%A7%C3%A3o%2C%20socializa%C3%A7%C3%A3o%20e%20singulariza%C3%A7%C3%A3o%3B%20aprender,os%20outros%20e%20consigo%20mesmo.

David, M. M., Moreira, P. C., Tomaz, V. S. (2013). Matemática escolar, matemática acadêmica e matemática do cotidiano: uma teia de relações sob investigação. Acta Scientiae, 15 (1), p. 42-60. https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/4785/1/ARTIGO_Matem%c3%a1ticaEscolarMatem%c3%a1tica.pdf.

D’Ambrósio, U. (1999). A História da Matemática: questões historiográficas e políticas e reflexos na Educação Matemática. In M. A. V. Bicudo (org.), Pesquisa em Educação Matemática: concepções e perspectivas. (pp. 97-115). Editora da Universidade Estadual Paulista.

D’Ambrósio, U. (2005). Sociedade, cultura, matemática e seu ensino. Educação e Pesquisa, 31 (1), p. 99-120. https://www.scielo.br/j/ep/a/TgJbqssD83ytTNyxnPGBTcw/?format=pdf&lang=pt.

D’Ambrósio, U. (2001). Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. Autêntica.

Ernest, P. (1991) The philosophy of mathematics education. Farmer.

Fiorentini, D. (1995). Alguns Modos de Ver e Conceber o Ensino da Matemática no Brasil. Zetetiké, 3 (4), p. 1-38. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/zetetike/article/view/8646877/15035.

Fiorentini, D. (2005). A formação matemática e didático-pedagógica nas disciplinas da licenciatura em matemática. Revista de Educação, p. 107-115. https://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/view/266/2945.

Fiorentini, D. (2013). Diálogo com educadores. [Entrevista concedida a Grando, N. I.]. Revista Espaço Pedagógico, 20 (1), p. 217-227. http://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/3517/2302.

Fischbein, E. (1987). Intuition in science and mathematics: an educational approach. Reidel.

Hadot, P. (2010). O que é a Filosofia Antiga?. Loyola.

Japiassu, H. (2001). Dicionário básico de filosofia. Zahar.

Lüdke, M., André, M. E. D. A. (2015). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. E.P.U.

Mairinque, I. dos M, Silva, M. F. de A. (2003). Karl Popper e a teoria dos mundos de Platão. Revista Eletrônica Metavnoia, p. 7-17.

Machado, N. J. (1997). Matemática e realidade. Cortez.

Machado, N. J. (2012). Matemática e Educação: alegorias, tecnologias, jogo, poesia. Cortez.

Machado, S. D. A. (2003). Introdução. In S. D. A. Machado (org.), Aprendizagem em Matemática: registros de representação semiótica (pp. 8-16). Papirus.

Meneghetti, R, C, G, Bicudo, I. (2003). Uma Discussão sobre a constituição do saber matemático e seus reflexos na Educação Matemática. Bolema, 16 (19), p. 1-13. https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/bolema/article/view/10555.

Meneghetti, R, C, G (2009). O Intuitivo e o Lógico no Conhecimento Matemático: análise de uma proposta pedagógica em relação a abordagens filosóficas atuais e ao contexto educacional da matemática. Bolema, (32), p. 161-188. https://repositorio.unesp.br/handle/11449/42507.

Meneghetti, R, C, G, Trevisani, F. de M. (2013). Futuros matemáticos e suas concepções sobre o conhecimento matemático e seu ensino e aprendizagem. Educação Matemática Pesquisa, 15 (31), p. 147-178. https://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/view/7058/pdf.

Moreira, P. C.; David, M. M. M. S. (2005). A Formação Matemática do Professor: licenciatura e prática docente escolar. Autêntica.

Ponte, J. P., Boavida, A. M., Graça, M., Abrantes, P. (1997). Didática da matemática. Ministério da Educação.

Russell, B. (1969). História da Filosofia Ocidental: livro primeiro. Companhia Editora Nacional.

Silva, V. A. da. (2008). Relação com saber na aprendizagem matemática: pesquisa de campo, uma contribuição para a reflexão didática sobre as políticas educativas. Revista Brasileira de Educação, 13 (37), p. 150-190. https://www.scielo.br/j/rbedu/a/G39FkYpfhpQtffMSvCK4rMg/?format=pdf&lang=pt

Souza, D. da. S. (2009). A relação com o saber: professores de matemática e práticas educativas no ensino médio [Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Federal de Sergipe]. https://ri.ufs.br/handle/riufs/4620.

Souza, D. da. S. (2015). O universo explicativo do professor de matemática ao ensinar o Teorema de Tales: um estudo de caso na rede estadual de Sergipe [Tese de doutorado em Educação Matemáticas, Universidade Anhanguera de São Paulo]. https://repositorio.pgsskroton.com/handle/123456789/3475.

Veiga-Neto, A. (2015). Anotações sobre as relações entre teoria e prática. Educação em Foco, 20 (1), p. 113-140. https://periodicos.ufjf.br/index.php/edufoco/article/view/19627#:~:text=Este%20artigo%20discute%20as%20rela%C3%A7%C3%B5es,outros%20v%C3%A3o%20no%20sentido%20contr%C3%A1rio.

Yin R, K. (1997). Pesquisa qualitativa do início ao fim. Penso.

Watson, A. (2008). School Mathematics as a special kind of mathematics. For the Learning of Mathematics, 28 (3), p. 3-7.

Wilder, R.L. (1965). Introdution to the foudations of mathematics. Wiley International Edition.

Downloads

Publicado

2022-08-31

Como Citar

LOVIS, C.; DE CÁSSIA PISTÓIA MARIANI, R. Relações com a matemática: entendimentos de pesquisadores do campo da Educação Matemática . Educação Matemática Pesquisa Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 497–534, 2022. DOI: 10.23925/1983-3156.2022v24i2p497-534. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/view/57410. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Finalizada - Número especial: Filosofia da Educação Matemática –2022