Núm. 30 (2023)

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Dentre os dilemas atuais de integração e diferenciação em meio ao campo das artes, destacam-se três eixos de interrogação crítica e teórica sobre o estatuto da obra: a transformação do juízo estético na direção de uma nomeação comparatista diante de obras individuais (de Duve, Aira); a instabilidade da autonomia artística, atuando nos limites entre espaço da obra e mundo comum (Tassinari); a redefinição do problema dos meios artísticos, em novos enfrentamentos da tensão entre especificidade e inespecificidade (Krauss, Rancière). Na literatura, tal conjunto de questões se apresenta em certos modos de teatralidade, que exploram intricações da cenografia da enunciação (Maingueneau), porosidades entre espaço do texto e seus espaços outros, tensões entre situações de enunciação, atos enunciativos e materialidades dos meios, onde também atuam estratégias antiteatrais (Puchner, Fried). Em paralelo, verifica-se tendência à prosificação, seja em atrito com a reconstituição de práticas específicas – “a prosa como questão de poesia” (Siscar, Gleize, Deguy) – ou expansões, como “espetáculos de realidade” (Laddaga), a prosa como meio e questão do campo expandido. Tais dinâmicas enunciativas “ventríloquas”, “corais” (Süssekind) e híbridas apontam para uma crise de escalas relativa aos efeitos socioculturais desestabilizadores oriundos da financeirização e mundialização das economias locais, desdobrando-se mais recentemente no debate sobre a crise ecológica e do Antropoceno, que radicaliza a instabilidade de escalas e medidas constituintes da experiência social e artística.

Publicado: 2023-07-13

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