Mulheres negras periféricas da EJA

demarcadores interseccionais de violação de direitos humanos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2024v22e61698

Palavras-chave:

mulheres negras, EJA, educação, direitos humanos, interseccionalidade

Resumo

Este artigo analisa os demarcadores interseccionais de mulheres negras estudantes na Educação de Jovens e Adultos, percebendo indicadores étnico-raciais, de gênero e de classe que configuram violação aos direitos humanos. Trata-se de um recorte bibliográfico e documental do processo de pesquisa de mestrado em Educação. As principais referências são autores que pesquisam Educação de Jovens e Adultos (Arroyo, 2017), Interseccionalidade, (Collins; Bilge, 2021; Gonzalez, 2020), mulheres negras (Vaz; Ramos, 2021; Carneiro, 2023), educar em direitos humanos (Candau; Sacavino, 2013; Silva, 2022). O estudo revelou que mulheres negras estudantes da EJA, em maioria, ainda vivem em situação de vulnerabilidade e têm seus direitos violados duplamente, considerando que essa modalidade ocupa um lugar periférico na escola, re/produzindo linhas de exclusão institucional.

 

Biografia do Autor

Maria Naira de Carvalho, Universidade Federal do Piauí

Mestra em Educação pela Universidade Federal do Piauí, graduada em Língua Espanhola pela Universidade Estadual do Piauí e Professora efetiva da Educação Básica da rede estadual do Maranhão.

Maria do Socorro Borges da Silva, Universidade Federal do Piauí

Doutora e mestra em Educação, especialista em História Política Contemporânea e licenciada em História. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação - (PPGED) e do Departamento de Fundamentos da Educação (DEFE/CCE) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). 

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2024-12-23

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Artigos