Uma Filosofia da Educação Matemática numa perspectiva wittgensteiniana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-3156.2022v24i2p147-179

Palavras-chave:

Filosofía del Lenguaje, Wittgenstein, Educación Matemática, Terapia Filosofica, Epistemología del Uso.

Resumo

Este artigo objetiva apresentar reflexões, subsidiadas por elementos teórico-filosóficos, que apontam para um modo de ver uma Filosofia da Educação Matemática na perspectiva wittgensteiniana. Para tanto, mostraremos o caráter terapêutico da filosofia de Wittgenstein e a natureza do conhecimento matemático nesta perspectiva, apontando a epistemologia do uso e seus desdobramentos para o campo pedagógico. Desta forma, cumpre, de início, apresentar pontos importantes da Filosofia da Linguagem do período Clássico e do Medievo, o que permite compreender melhor a Filosofia da Linguagem de Wittgenstein. Subsequentemente, são explanados aspectos de uma perspectiva wittgensteiniana da Filosofia da Matemática, discutindo de modo breve acerca das três correntes filosóficas clássicas da Matemática (logicismo, intuicionismo e formalismo) e mostrando que Wittgenstein se diferencia de todas. Por fim, é apontada a Terapia Filosófica de Wittgenstein e a Epistemologia do Uso para o esclarecimento de confusões de natureza linguística existentes no âmbito da Educação Matemática, em decorrência dos usos unilaterais das concepções das correntes filosóficas tradicionais que subsidiam a natureza do conhecimento matemático, como possibilidade para se advogar em favor de uma Filosofia da Educação Matemática numa perspectiva wittgensteiniana. Constata-se que, para isso, a linguagem necessita assumir o papel de protagonista, de modo que os conhecimentos que constituem o educar matematicamente estejam assentados em uma concepção de linguagem que vai além da concepção referencial.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Paulo Vilhena da Silva, Secretária municipal de Educação de Ananindeua-Pará/Universidade Federal do Pará.

Doutor em Educação em Ciências e Matemáticas (área de concentração: Educação Matemática) (UFPA, 2016).

Valdomiro Pinheiro Teixeira Júnior, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

Doutor em Educação em Ciências e Matemática (UFPA) é Professor Adjunto da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), atuando na Licenciatura em Educação do Campo e no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: Linguagem matemática, Wittgenstein, filosofia da linguagem, educação do campo, formação docente, avaliação da aprendizagem, Cálculo Diferencial e Integral, geometria analítica e análise combinatória.

Daniana de Costa, Universidade Federal de São Carlos

Licenciada em Matemática pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Mestre em Desenvolvimento Regional (Educação e Desenvolvimento) pela UTFPR e Doutoranda em Educação (Educação em Ciências e Matemática) pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Alyne Maria Rosa de Araújo Dias, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

Graduada pela Universidade Federal do Pará (UFPA), no curso de Licenciatura em Matemática, especialista em Educação em Ciências e Matemáticas (UFPA),com Mestrado acadêmico pela pós-graduação em Educacção em Ciências e Matemáticas (UFPA) e doutoranda pela pós-graduação em Educacção em Ciências e Matemáticas (UFPA). Há nove anos minhas atividades docentes acontecem no Instituto Federal do Pará, nos níveis técnico e tecnológico no campus Bragança.

Referências

Abbagnano, N. (2007). Dicionário de Filosofia. Martins Fontes.

Araújo, I. L. (2004). Do signo ao discurso: introdução à filosofia da linguagem. Parábola Editorial.

Arruda Júnior, G. F. (2017). 10 lições sobre Wittgenstein. Vozes.

Bastianini e Souza, F. H. & Souza, M. A. (2012). A distinção platônica entre mundo sensível e mundo das ideias. Revista Jurídica da Universidade de Franca, 14(22), 6–14.

Caraça, B. J. (1952). Conceitos Fundamentais da Matemática. Editora Lisboa.

Chaui, M. (2002). Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. Companhia das Letras.

Costa, N. (2008). Introdução aos fundamentos da Matemática. HUCITEC.

Devlin, K. (2004). O gene da Matemática – O talento para lidar com números e a evolução do pensamento matemático. Record.

Ghiraldelli Júnior, P. (2006). Filosofia da Educação. Ática.

Glock, H. (1998). Dicionário Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Gottschalk, C. M. C. (2002). Uma reflexão filosófica sobre a matemática nos PCN. [Tese de Doutorado em Filosofia da Educação, Universidade de São Paulo].

Gottschalk, C. M. C. (2004). Reflexões sobre contexto e significado na educação matemática. VII Encontro Paulista de Educação Matemática. São Carlos: Sociedade Brasileira de Educação Matemática.

Gottschalk, C. M. C. (2007). Uma concepção pragmática de ensino e aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, 33(3), 459-470.

Gottschalk, C. M. C. (2008). A construção e transmissão do conhecimento matemático sob uma perspectiva wittgensteiniana. Cad. Cedes, Campinas, 28 (74), 75-96.

Gottschalk, C. M. C. (2010). O papel do método no ensino: da maiêutica socrática à terapia wittgensteiniana. ETD – Educação Temática Digital, 12(1), 64-81.

Gottschalk, C. M. C. (2013). O paradoxo do ensino da perspectiva de uma epistemologia do uso. Educação e Filosofia (UFU. Impresso), 27, 659-674.

Gottschalk, C. M. C. (2015). A terapia wittgensteiniana como esclarecedora de conceitos fundamentais do campo educacional. IXTLI Revista Latinoamericana de Filosofía de la Educación, 2(4), 299-315.

Granger, G. (1974). Filosofia do Estilo. São Paulo: Perspectiva, EDUSP.

Kilian, C. & Molina, J. A. (2018). Observações sobre a semiótica de Santo Agostinho. Sapere aude, 9(18), 425-442.

Knijnik, G. (2014). Juegos de lenguaje matemáticos de distintas formas de vida: contribuciones de Wittgenstein y Foucault para pensar la educación matemática. Educación Matemática, 25, 146-161.

Machado, N. J. (1987) Matemática e realidade: análise dos pressupostos filosóficos que fundamentam o ensino da matemática. São Paulo: Cortez.

Macmillan, C. J. B. (1995). How not to Learn: Reflections on Wittgenstein and Learning. In Smeyers, P. & Marshall, J. D. Philosophy and Education: Accepting Wittgenstein’s Challenge. Kluwer Academic Publishers, 161-169.

Miguel, A. (2016). Historiografia e Terapia na Cidade da Linguagem de Wittgenstein. Bolema (Rio Claro), 30, 368-389.

Moreno, A. R. (2000). Wittgenstein: os labirintos da linguagem - Ensaio introdutório. Moderna.

Moreno, A. R. (2001). Wittgenstein e os valores: do solipsismo à intersubjetividade. Natureza Humana, 3, 233-288.

Moreno, A. R. (2004). Uma concepção de Atividade Filosófica. Cadernos de História e Filosofia da Ciência (UNICAMP), 14(2), 275-302.

Moreno, A. R. (2005). Introdução a uma pragmática filosófica: de uma concepção de filosofia como atividade terapêutica a uma filosofia da linguagem. Campinas, São Paulo, Editora da UNICAMP.

Moreno, A. R. (2010). Wittgenstein: um projeto epistemológico – Em direção a uma epistemologia do uso. Coleção CLE, 58(1), 11–47.

Moreno, A. R. (2012). Introdução a uma epistemologia do uso. Caderno crh, 25(2), 73-95.

Mulinari, F. (2016) Filosofia da Linguagem. Universidade Federal do Espírito Santo, Secretaria de Ensino a Distância.

Oliveira, M. A. (2001). Reviravolta lingüístico-pragmática na filosofia contemporânea. 2ª Ed. São Paulo: Edições Loyola.

Oliveira, P. S. X. (2004). Implicações do Pensamento de Wittgenstein para o Ensino de Línguas. Cadernos de História e Filosofia da Ciência (UNICAMP), 14, 335-363.

Platão. (2001). Mênon/Platão. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio; Edições Loyola.

Portela Filho, R. & Portela, C. A. (2003). Filosofia da Educação Matemática: sua relevância no contexto da Educação Matemática e aspectos históricos. Cadernos de Pesquisa (UFMA), 14(1), 46-68.

Reale, M. (2002). Introdução à filosofia. Saraiva.

Rorty, R. (1990). El giro linguistico. Madri: Paidos.

Russell, B. (1957). História da filosofia ocidental - A filosofia antiga. Companhia Editora Nacional.

Russell, B. (1981) Introdução à Filosofia Matemática. Rio de Janeiro: editora Zahar.

Sfard, A. (2008). Thinking as communicating: human development, the growth of discourses, and mathematizing. Cambridge: Cambridge University Press.

Silva, M. O. (2018). Wittgenstein: para além da linguagem agostiniana. Intermeios.

Silva, P. V. (2011). O aprendizado de regras matemáticas: uma pesquisa de

inspiração wittgensteiniana com crianças da 4ª série no estudo da divisão. [Dissertação de Mestrado em Educação Matemática, Universidade Federal do Pará].

Silveira, M. R. A. (2008). Aplicação e interpretação de regras matemáticas. Educação Matemática Pesquisa, 10(1), 93-113.

Snapper, E. (1984). As três crises da Matemática: o logicismo, o intuicionismo, e o formalismo. Revista Humanidades, v. II, n. 8, pp. 85-93.

Vilela, D. (2013). Usos e Jogos de Linguagem na Matemática. São Paulo: Editora Livraria da Física.

Wanderer, F. (2013). Etnomatemática e o pensamento de Ludwig Wittgenstein. Revista Acta Scientiae, 15, 257-270.

Winch, C. (1995). Education Needs Training. Oxford Review of Education.

Wittgenstein, L. (1976). Wittgenstein’s Lectures on the Foundations of Mathematics - Cambridge 1939. Harvester Press.

Wittgenstein, L. (1993). Tractatus Logico-philosophicus. Edusp.

Wittgenstein, L. (1998). Remarks on the foundations of mathematics. Blackwell.

Wittgenstein, L. (1999). Investigações filosóficas. Nova cultural.

Wittgenstein, L. (2000). Da certeza. Edições 70.

Downloads

Publicado

2022-08-31

Como Citar

DA SILVA, P. V.; PINHEIRO TEIXEIRA JÚNIOR, V. .; DE COSTA, D.; MARIA ROSA DE ARAÚJO DIAS, A. . Uma Filosofia da Educação Matemática numa perspectiva wittgensteiniana . Educação Matemática Pesquisa Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 147–179, 2022. DOI: 10.23925/1983-3156.2022v24i2p147-179. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/view/57101. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Finalizada - Número especial: Filosofia da Educação Matemática –2022