Matemática(s) em cursos presenciais de Pedagogia de Minas Gerais
DOI:
https://doi.org/10.23925/1983-3156.2025v27i5p304-329Palavras-chave:
Currículo, Pedagogia, Modelo dos campos semânticos, Formação de professores que ensinam matemáticaResumo
Na Educação Matemática, são poucos os estudos que tomam como objeto de pesquisa análises de Projetos Pedagógicos de cursos de Pedagogia (PPC), em particular, no que se refere a presença da matemática neles. Neste artigo, o objetivo é realizar uma leitura de usos da palavra matemática nesses documentos. A coleta de PPC foi realizada, em um primeiro momento, por meio do mapeamento dos cursos presenciais e em andamento no Estado de Minas Gerais no website e-MEC e, em seguida, o cruzamento de dados desse mapeamento com dados sobre os cursos coletados em websites de Instituições de Ensino Superior (IES) que oferecem esses cursos. Os PPC foram analisados com inspiração nos aforismos de Ludwig Wittgenstein e por meio da noção de leitura plausível, pertencente ao Modelo dos Campos Semânticos. Como resultados apontamos que: há permanência de baixa carga horária de disciplinas que envolvem matemática nesses cursos; os títulos das disciplinas precisam ser revistos; os conteúdos da matemática escolar mais abordados são Números; a metodologia mais abordada é Resolução de Problemas; e elementos da Educação Matemática têm sido incorporados, mas há pouca discussão sobre diferentes matemáticas, como matemática escolar e matemática da rua. Concluímos que têm ocorrido mudanças importantes em relação às disciplinas que envolvem matemática(s) nos cursos de Pedagogia, mas que problemas antigos persistem e requerem posicionamentos políticos sobre o foco desses cursos.
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