Espaços para sonhos nas aulas de matemática

problematizações e possibilidades

Autores

  • Daniela Alves Soares IFSP

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-3156.2023v25i4p162-189

Palavras-chave:

Sonhos, Foreground, Espaço para sonhos, Alteridade, Aulas de Matemática

Resumo

EEste artigo baseia-se em uma investigação que teve como objetivo identificar que espaços para sonhos são possíveis nas aulas de matemática e que problemáticas podem ser encontradas no que diz respeito a esses espaços. Isso se deu a partir das respostas produzidas por estudantes adolescentes brasileiros e colombianos em desvantagem social, que estudavam em escola pública. Em grupos de discussão, foi perguntado aos estudantes sobre como elas e eles viam os espaços para discussão e produção de sonhos na escola e, especificamente, nas aulas de matemática. Como resultado, foi possível identificar que tanto a escola como as aulas de matemática possibilitam pouquíssimos espaços para manifestação e desenvolvimento dos sonhos dos jovens. Ainda assim, os estudantes identificaram possibilidades para que professoras e professores pudessem fornecer mais espaços para isso, sendo a partir: do investimento na relação professor-estudante; de conteúdos mais próximos da vida dos estudantes; e da priorização de atividades coletivas e colaborativas em detrimento das competitivas. Fazendo interlocuções com perspectivas freirianas e críticas, refletiu-se também sobre a importância de que as aulas de matemática produzam significado na vida dos estudantes e que sejam incorporadas perspectivas críticas para interpretar o conhecimento matemático, de forma a fazer interlocuções com a cultura e a sociedade. Por fim, também se questiona o papel dos atuais sistemas econômicos e ideológicos no apagamento dos sonhos dos jovens.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Daniela Alves Soares, IFSP

Doutora em Educação Matemática

Referências

Araújo, M. S. de. (2009). Sonhos no devir das redes do Centro de Educação Ambiental, Ciências e Matemática. [Tese de doutorado em Educação Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande]. https://repositorio.furg.br/handle/1/2840.

Bardin, L. (1995). Análise de conteúdo. Edições 70.

Bermejo, A. P., B., Moraes, M. S. F., & Graça, V. V. (2011). Educação Matemática: algumas concepções e influências do Movimento da Matemática Moderna. II Congresso Nacional de Educação Matemática (CNEM) e IX Encontro Regional de Educação Matemática (EREM), Unijuí, Ijuí, Rio Grande do Sul. http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/cnem/cnem/principal/re/PDF/RE77.pdf.

Biotto Filho, D. (2015). Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? Trabalho com projetos para reelaborar foregrounds. [Tese de doutorado em Educação Matemática, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)].

Cardona, A. M., Valencia, E., Duque, J. H. ; & Londono-Vasquez, D. A. (2015). Construcción de los planes de vida de los jóvenes: una experiencia de investigación en la vereda La Doctora, Sabaneta (Antioquia). Revista de Desarrollo Humano, Educativo y Social Contemporáneo, 7(2), pp. 90-113, jul-dez.

D’Ambrósio, U. (2010). Matemática na transição das disciplinas para a transdisciplinaridade (palestra). In VII Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul, http://www.afhic.com/wp-content/uploads/2019/01/matematica-na-transicao.pdf.

Dane (Departamento Administrativo Nacional de Estadística). Estratificación socioeconómica para servicios públicos domiciliarios. Colombia, (2015). (2020, Julho 05) [página web] https://www.dane.gov.co/index.php/servicios-al-ciudadano/servicios-informacion/estratificacion-socioeconomica

Ernest, P. (1989). The impact of beliefs on the teaching of mathematics. Mathematics teaching: the state of the art, 2(1), Falmer. pp.249-254.

Ernest, P. (2018). The ethics of mathematics: is mathematics harmful?. The philosophy of mathematics education today, Springer, pp. 187-216.

Ferreira, L. P. B. (2019). Uma reflexão sobre background e foreground de alunos do terceiro ano do ensino médio de escola estadual de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, para a produção de duas aulas. [Dissertação de mestrado profissional em Rede Nacional e Matemática, Universidade do Estado do Rio de Janeiro]. https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/16619.

Fodra, S. M. (2016). O projeto de vida: escolas do Programa Ensino Integral. Association for Moral Education Conference Proceedings, 1(41).

Freire, P. (1983). Educação e Mudança. Paz e Terra.

Freire, P. (1992). Pedagogia da Esperança. Paz e Terra.

Freire, P. (2000). Pedagogia da Indignação. Unesp.

Gomes, I. D. (2014). A gente vive de sonho: sentidos de futuro para adolescentes privados de liberdade. [Dissertação de mestrado em Psicologia, Universidade Federal do Ceará]. https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/8725.

Guedes, E. C. (2007). Alteridade e Diálogo: uma meta-arqueologia da educação a partir de Emmanuel Lévinas e Paulo Freire. [Tese de doutorado em Educação, Universidade Federal da Paraíba]. https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/4795/1/arquivototal.pdf.

Gutiérrez, R. (2017). Living Mathematx: Towards a Vision for the Future. North American Chapter of the International Group for the Psychology of Mathematics Education, Galindo, E., & Newton, J., (Eds.).

Lévinas, E. (1980). Totalidade e Infinito. Tradução de José Pinto Barreiro. Edições 70.

Lopes, E. S. (2010). O sonhar emancipatório e a educação. Revista Educação, Santa Maria, 35 (1), pp. 125-138. https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1370.

Mineducacion. (2020). Ministerio de Educación. www.mineducacion.gov.co.

Oliveira, E. de, Ens, R. T., Andrade, D. B. S. F., & Mussis, C.R. (2003). Análise de conteúdo e pesquisa na área da educação. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, 4(9), pp.11-27, maio/ago.

Oliveira Filho, E. (2021) Escolas de ensino integral e a sala de aula de matemática: operando foregrounds de estudantes. [Dissertação de mestrado em Educação para a Ciência, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)]. https://repositorio.unesp.br/items/9adef53f-9a13-46c0-a79b-1d3ac9f3c0b0.

Pinheiro, J. D. (2014). Estudantes forjados nas arcadas do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA):" novos talentos" da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). [Tese de doutorado em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos]. http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/3323/Josaine%20de%20Moura%20Pinheiro.pdf?sequence=1&isAllowed=y.

Pires, L. F. R. (2022). A influência da ideologia neoliberal na educação básica e nas tendências em educação matemática: projetos de formação em disputa. [Tese de doutorado em Educação, Universidade Federal de Minas Gerais (FaE/UFMG)]. https://repositorio.ufmg.br/.

Rhoden, C. (Diretor). (2017). Nunca me sonharam [filme]. Maria Farinha Filmes. https://archive.org/details/NuncaMeSonharam.

Rodrigues, V. H. G. (2008). Filosofia Onírica de Gaston Bachelard em Mundos Desencantados e Tempos Sombrios. Ambiente & Educação – Revista de Educação Ambiental, Rio Grande. 13(1).

Schiavoni, A., Martinelli, S. De C. (2012). O autoconceito de estudantes aceitos e rejeitados no contexto escolar. Psicologia argumento, 30(69).

Serra, A. S. V. (1988). O auto-conceito. Análise psicológica, 6, pp. 101-110.

Silva, P. C., Carvalho, L. M. T. L., & Pessoa, C. (2021). Foregrounds e Educação Financeira Escolar de estudantes da Educação de Jovens e Adultos. Revista Pesquisa e Ensino. Barreiras, 2(202116), pp. 1-20.

Skovsmose, O. (2007). Educação crítica: incerteza, matemática, responsabilidade. Cortez.

Skovsmose, O. (2011). An Invitation to Critical Mathematics Education. Sense Publishers.

Skovsmose, O. (2014). Foregrounds: Opaque stories about learning. Sense Publishers.

Skovsmose, O. (2016). Meaning in Mathematics Education: a Political Issue. REVEMAT, Florianópolis 11, pp. 36-46.

Skovsmose, O. (2020). Mathematics and ethics. Revista Pesquisa Qualitativa, 8(18), pp. 478-502.

Skovsmose, O. (2023). A performative interpretation of mathematics. In Bicudo, M. Bronislaw, C., A., Rosa, M. & Marciniak, M. (Org.), Ongoing advancements in philosophy of mathematics education. (pp. 269-292). Springer.

Soares, D. A. (2019). Matemática de “mãos limpas”? Uma reflexão filosófica sobre verdade e progresso. Scientia Vitae, 7(24), pp. 39-48, abr./jun.

Soares, D. A. (2022). Sonhos de adolescentes em desvantagem social : vida, escola e educação matemática. [Tese de doutorado em Educação Matemática, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)]. https://repositorio.unesp.br/handle/11449/236147?locale-attribute=es.

Publicado

2023-12-23

Como Citar

SOARES, D. A. Espaços para sonhos nas aulas de matemática: problematizações e possibilidades. Educação Matemática Pesquisa Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 162–189, 2023. DOI: 10.23925/1983-3156.2023v25i4p162-189. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/view/63166. Acesso em: 4 dez. 2024.

Edição

Seção

Educação Matemática de pessoas historicamente marginalizadas no contexto escolar