Uma análise sobre agência dos alunos em textos de Educação Matemática

Autores

  • Edmar Reis Thiengo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo: Vitoria, ES, BR
  • Felipe Machado Teixeira Couto SME RJ

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-3156.2023v25i4p214-233

Palavras-chave:

Colonialismo, Agência do aluno, Justiça social, Elementos de análise

Resumo

Este estudo objetiva compreender como as estruturas coloniais se manifestam e influenciam os conceitos que tratam da agência dos alunos em artigos de referência no campo da educação matemática. Para tanto, analisou a agência dos alunos na educação matemática sob a perspectiva da justiça social, utilizando-se como referência as contribuições de Rochelle Gutiérrez e Jo Boaler, além da noção de colonialidade do poder e do saber proposta por Catherine Walsh. A metodologia envolveu a análise crítica que busca compreender e questionar as estruturas de dominação e poder, a partir das obras de autores como Eric Gutstein, Imani Goffney, Rochelle Gutiérrez e Melissa Boston, Ubiratan D’Ambrósio, Marilyn Frankenstein e Paola Valero, buscando identificar nuances e contradições em relação à agência do aluno. Os principais resultados revelaram que mesmo autores comprometidos com a justiça social podem reproduzir visões hierarquizadas e opressivas em relação aos alunos. As estruturas coloniais foram identificadas em diversos aspectos, incluindo a atribuição de poder e autoridade ao professor, a reprodução de narrativas eurocêntricas e a limitação da agência dos alunos. A análise crítica também destacou a importância de considerar como a educação matemática pode gerar seleção, exclusão e segregação. As conclusões apontam para a necessidade de desconstruir as estruturas coloniais presentes na educação e promover uma abordagem crítica e reflexiva. É fundamental valorizar as experiências, as perspectivas e os conhecimentos dos alunos e, assim, construir uma educação matemática mais inclusiva, equitativa e capacitadora. A agência do aluno deve ser fortalecida e possibilitar que ele se torne agente ativo na construção do conhecimento e na luta por justiça social.

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Biografia do Autor

Edmar Reis Thiengo, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo: Vitoria, ES, BR

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, atuando no curso de Licenciatura em Matemática e no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (Educimat/Ifes). Realizou estágio Pós-Doutoral no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEMAT/UFRJ). Doutor em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mesma instituição onde tornou-se Mestre em Educação, desenvolvendo pesquisas na área de História da Matemática; Licenciado em Ciências e Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Carangola (MG). Membro da Comissão Permanente de Ações Afirmativas dos Programas de Pós-Graduação do Ifes; foi Coordenador do Curso de Licenciatura do Ifes, campus Vitória (2015-2019); foi Coordenador da Área de Matemática (2019-2021); Coordenador do Programa de Residência Pedagógica (2018-2019; 2022-2023). Líder do Grupo de Pesquisa em Educação Matemática Inclusiva (GPEMI) e do Grupo de Pesquisa Educação, História e Diversidades (GPEHDi), desenvolvendo pesquisas na área da Educação Matemática e suas relações com as pessoas historicamente excluídas. Coordenador do Grupo de Trabalho 13 da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (GT13 da SBEM): Diferença, Inclusão e Educação Matemática (2021-2024).

Felipe Machado Teixeira Couto, SME RJ

Licenciatura em Matemática pela UERJ (2008). Especialista em Tecnologias de educação para Matemática pela LANTE/ UFF (2011). Mestre em Matemática pelo IMPA/PROFMAT (2015). Atua com cargo efetivo como Professor I pela SME/Rj.

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Publicado

2023-12-23

Edição

Seção

Educação Matemática de pessoas historicamente marginalizadas no contexto escolar