Quando a escola expulsa, o trabalho na rua é uma oportunidade de sonhar

Autores

  • Lucas Martini UFPR/PPGE/Doutorando
  • Yasmin Cartaxo Lima UFPR/PPGE/
  • Fernanda Dartora Musha UFPR/PPGECM/
  • Elenilton Vieira Godoy Universidade Federal do Paraná (UFPR)/Docente do departamento de Matemática, do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática (PPGECM) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). http://orcid.org/0000-0001-8081-5813

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-3156.2023v25i4p191-217

Palavras-chave:

Licenciatura em matemática, Análise de discurso, Trabalhadores de rua

Resumo

O presente artigo surge a partir de um projeto proposto junto aos/às discentes do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que à época cursavam, no período noturno, uma disciplina sobre Matemática no Ensino Fundamental. O projeto tinha como motivação um vendedor de rua e seu objetivo era perceber a matemática, mais especificamente a álgebra escolar, onde outras pessoas não percebiam. Embasado nas produções e reflexões deste projeto, o presente artigo tem como objetivo identificar sentidos que são produzidos sobre trabalhar na rua. Para tanto, o corpus de análise serão as entrevistas realizadas com dois homens negros que trabalham na rua e a entrevista com uma das alunas da disciplina. Teoricamente, nos vinculamos aos estudos críticos, com inspiração decolonial. Para a análise dos discursos oriundos das entrevistas, nos filiamos à Análise de Discurso sob a perspectiva de Eni Orlandi, a fim de responder a questão-problema: que sentidos são produzidos sobre trabalhar na rua? A análise resultou em três sentidos sobre trabalhar na rua a partir das entrevistas realizadas com os trabalhadores e um sentido sobre a matemática a partir da entrevista realizada com a estudante do curso de Matemática. Os sentidos observados apontam para o trabalho na rua como uma oportunidade de sonhar frente à expulsão escolar, como um risco a ser corrido devido à desvalorização do mercado de trabalho formal e ainda como um estigma; já o sentido atribuído à matemática refere-se ao seu distanciamento da vivência social.

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Biografia do Autor

Lucas Martini, UFPR/PPGE/Doutorando

Mestre em Educação Matemática e doutorando em Educação

Yasmin Cartaxo Lima, UFPR/PPGE/

Mestra e doutoranda em Educação

Fernanda Dartora Musha, UFPR/PPGECM/

Mestra e doutoranda em Educação

Elenilton Vieira Godoy, Universidade Federal do Paraná (UFPR)/Docente do departamento de Matemática, do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática (PPGECM) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE).

Doutor em Educação

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Publicado

2023-12-23

Edição

Seção

Educação Matemática de pessoas historicamente marginalizadas no contexto escolar